Humilhação
Uma humilhação ou uma humilhação ainda maior. Mais coisa, menos coisa, foi nestes termos que o ministro Vanizelos colocou a escolha que os gregos têm de fazer. Não é lá grande escolha, admita-se. Nisso, João Galamba tem razão. «Mas foi isto que a Troika propôs aos gregos», acrescenta o deputado socialista. Mas foi para essa situação que os gregos se atiraram, acrescento eu. Para uma situação de povo pedinte. Nenhum povo gosta de andar para trás, mas os gregos passaram por um período de crescimento que era absolutamente ilusório. Como é que se corrige esse crescimento ilusório? Há uma forma fantástica que passa por pedir aos alemães que abdiquem do seu nível de vida para sustentar os gregos; há outra que passa por deixar os gregos recuarem no seu nível de vida. Na minha leitura, os alemães estão disponíveis para ajudar os gregos desde que estes mudem de vida; os gregos querem a ajuda alemã desde que esta não os force a mudar de vida. Claramente, isto gera um impasse e torna a situação insustentável.
Qual foi um dos problema do Euro se não o de ter gerado condições para que povos como o grego adoptassem um nível de vida claramente superior ao que era a sua capacidade produtiva? Agora que esse problema está evidente para todos, não vejo como possa ser corrigido que não por um ajustamento para baixo do nível de vida desses povos. Não é lá grande opção? Não, não é. Mas é por isso que se diz que não há alternativa à austeridade. Para os gregos e os portugueses, entenda-se. E perceba-se de vez: estes programas de ajustamento, quer no caso grego, quer no caso português, não são uma resposta à crise internacional, são uma resposta a um problema que antecede em muito a crise que teve origem nos Estados Unidos. São ainda muitos os que teimam em não entender isso.