Cenário macroeconómico e a austeridade do PS
Enquanto Passos Coelho vai dando ideias para o PS de Costa aplicar no OE 2016 - a forma como o PS pareceu reagir cautelosamente às declarações de Passos foi muito curiosa -, a um ano de distância, mal posso esperar para ver o cenário macroeconómico que o PS vai meter no OE 2016, isto depois de passar a vida a criticar os cenários macroeconómicos do actual executivo (inclusive aderindo e propagando a balela da espiral recessiva). Um bom cenário macroeconómico facilitará a ausência de medidas muito impopulares no OE 2016, mas esse bom cenário também depende muitíssimo mais do caminho seguido por este governo até aqui do que por qualquer outra coisa que o próximo governo possa fazer. Pela insistência com que o PS diz que este Governo arrasou e continua arrasando a economia nacional, imagino que para o PS não se perspective grande cenário macroeconómico em 2016 e a austeridade o rigor orçamental impopular que está para ser continuado pelos socialistas venha a ser explicado por ai. Ou contará o PS, afinal, que o país entre numa fase de crescimento acentuado e por essa via o país possa se sentir muito menos apertado logo em 2016? Este último cenário, por muito jeito que também dê a um PS no poder, representaria o sucesso absoluto da governação pós-socrática: nele reside a ideia de que a economia do país que será herdada pelo próximo governo estará em muito melhor estado (em melhor estado está certamente) do que a herdada pelo actual executivo de Sócrates. E pouparia a Vieira da Silva a chatice de ter de voltar a apresentar medidas de austeridade como «inevitáveis», «fundamentais» ou até a revelar uma enorme capacidade prospectiva ao afastar o cenário de novas medidas de austeridade para pouco depois estar a apresentar o PEC 4 (e esse é que era, nunca nos esqueçamos disso).