Costa no país das maravilhas
O "cenário macroeconómico" do PS promete elevado crescimento; desemprego em forte queda; aumento significativo do rendimento disponível; aumento brutal do investimento; redução da carga fiscal; manutenção do saldo positivo nas contas externas; redução significativa do peso do Estado na economia; uma dinâmica da dívida absolutamente sustentável; e tudo e tudo e tudo. Tirando uma diminuição forte, significativa e indesejável da taxa de poupança (baixa de 9,6% neste ano para 6,9% em 2019: o PS não nos quer a poupar, quer-nos a gastar), tudo o resto é perfeito. Qualquer pessoa que com seriedade acredite nisto, devia votar no PS. Eu votava. Se acreditasse. Ou, melhor pensando, talvez votasse sem pestanejar no PSD ou no CDS. Um tal cenário só é possível prever em 2015 por alguém que assuma no modelo que utiliza a premissa de que a economia sofreu uma profunda transformação estrutural nos últimos quatro anos. Com isso, os peritos do PS fizeram o maior elogio possível à governação actual. No paleio político, dizem que vão seguir um caminho diferente, mas, tecnicamente, se o cenário é para levar a sério, estão a dizer antes e primeiro que tudo que vão aproveitar o bom caminho percorrido. E isto é tão evidente para quem tenha noções básicas de economia que, se fosse socialista, estaria na linha da frente da contestação ao cenário traçado. Aliás, sou de um tempo em que à esquerda dizia-se que sem reestruturação da dívida ou com o espartilho do Tratado Orçamental não iamos a lado algum. Não acreditavam no que diziam? O quê que aconteceu entretanto?