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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

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We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

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Este Governo matou o cinema português

Sim, porque isto, dirão os inteligentes, não é cinema: Ó Evaristo, “O Pátio das Cantigas” é o filme português mais visto de sempre. O que tem matado o cinema português são os filmes que ninguém vê. Ainda que os agentes do sector, perante a contínua e permanente ausência de público, nunca se tenham queixado da morte do sector. Desde que recebessem o deles sem preocupações de maior, o "cinema" estaria vivo.

Popcorn

 

Por vezes, acho que é colocada demasiada ênfase na necessidade de um artista se reinventar. O que não falta são autores consagrados que fazem obras e mais obras sempre com uma replicação dos mesmos elementos que não se perdem/desvalorizam por causa disso (sei lá, estou a pensar num Murakami na literatura ou de um Clint no cinema). Há algum conforto na repetição e na homogeneidade. Os Blur, neste seu último álbum, podem ter feito uma coisa totalmente diferente de qualquer outra coisa que a banda fez no passado, mas não aprecio propriamente o novo som. O Go Out do vídeo acima e o Lonesome Street ainda dão para ouvir, mas estão longe de me entusiasmar como os grandes temas do passado. Talvez seja esse o problema: para mim, nesta fase, Blur é nostalgia. Blur é década de noventa. Não me apetece nada ir a um concerto dos Blur para ouvir uma sonoridade nova.

 

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Como já escrevi, sou algo crítico do excesso de filmes de super-heróis, mas se pensarmos bem na coisa, este período não será muito diferente de outros onde existiu uma insistência temática semelhante, por exemplo, basta pensar nos  filmes de cowboys ou samurais. Faz parte: dar ao público que frequenta cinema aquilo que ele quer. Enquanto o público não dar mostras de estar cansado - é olhar para os números do box office do último Avengers para perceber que não está -, continua-se a alimentá-lo com a mesma coisa invariavelmente. Até que a moda passa. Passa sempre. Por falar em bons resultados no box office, dediquei finalmente algumas horas da minha vida a ver toda a série do Fast and Furious. Sim: não é cinema intelectualmente estimulante. Mas isso tem particular relevo? Só para quem acha que não deve existir espaço para o cinema de entretenimento puro. E nesse capítulo, entre filmes melhor ou pior conseguidos, a série até consegue ser competente. E a explicação para o seu sucesso passa muito pelo novo mundo globalizado em que vivemos: um elenco variado (negros, latinos, brancos, asiáticos), locais de filmagem igualmente variados (Los Angeles; Rio de Janeiro; Tóquio; Londes; etc) e um elenco feminino que, parcialmente, não se limita a participar nas cenas de acção numa atitude passiva (nota: se pensarmos no sucesso Game of Thrones, ainda que num tom completamente diferente, verifica-se algumas semelhanças em relação a este quadro de sucesso). Desta forma, algo surpreendentemente, apesar do cliché carros e gajas boas, o que podia parecer uma série de filmes para ser apreciada essencialmente pelo público masculino, é olhar para as votações no imdb (por exemplo: Fast Five; Furious 6; Furious Seven) e notar que elas, em média, avaliam os filmes com melhor nota do que eles.

 

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Por fim e para ir a cinema mais sofisticado, vi pela primeira o Miller's Crossing dos manos Coen.  E que belo filme sobre gangsters num jogo interessante de aparências, onde «cima é baixo, preto é branco, e nada é o que parece». Também, «não há nada mais tolo do que um homem perseguindo o seu chapéu». Mas, no fim, não é o chapéu que o personagem do Byrne, numa interpretação absolutamente fantástica, deixa escapar sem perseguição. É sempre um prazer ver um filme que deixa na memória cenas que nem tão cedo vou esquecer. Só a banda sonora já é um luxo.

Caso excepcional

Não tinha lido um único poema de Herberto Helder. Só vi um filme completo do Manoel de Oliveira. O primeiro caso é uma falha que corrigi, o segundo é uma opção convicta. Gostava do Manoel de Oliveira enquanto boa pessoa que me parecia ser, não gostava dele enquanto realizador. E não tenho particular pachorra para as pessoas que vêm falar do realizador «amado lá fora, detestado cá dentro», perpetuando o que não passa de um mito. O cinema de Manoel de Oliveira lá fora tem ainda menos admiradores, em proporção, do que os que tem cá dentro.

O preto e branco fica sempre bonito

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O ano passado já tinha gostado muito do estilo do Much Ado About Nothing, do Joss Whedon, filmado em preto e branco. Este ano gostei muito do A Girl Walks Home Alone at Night, de Ana Lily Armipour, também ele filmado no mesmo tom. Se bem utilizado, o preto e branco tem pinta. Quanto ao filme da Armipour propriamente dito, se gostam de um bom argumento, não recomendo, mas na cena mais marcante do mesmo (a da imagem), tem, provavelmente, o melhor video clip de 2014. No caso, feito para esta canção. Gostei.

A magia do cinema

Quando aqui há uns dias meti-me a ver um filme de mais de 3 horas sem saber nem muito sobre o filme, nem sobre o realizador  - na verdade, nem sobre as três horas de duração sabia antes de ter começado a vê-lo -, imaginei que a coisa podia dar para o torto. E, de facto, às tantas o visionamento estava a correr mal: não tanto pelo filme - a cinematografia deslumbrante em combinação com os ambientes e a coreografia teatral que acompanhava cada cena, bem como os diálogos muito bem construídos, eram mais do que suficientes para me cativar desde o primeiro minuto -, mas uma forte dor de cabeça com origem em noites passadas mal dormidas teimava em atormentar-me. Perante isso, pensei em parar o filme logo por volta da hora e meia, aquando de uma das cenas marcantes em que dá-se uma discussão acalorada entre dois dos personagens principais, deixando para o dia seguinte o visionamento da segunda metade em falta. Mas como estava a gostar, decidi aguentar mais um pouco (a dor de cabeça podia estragar-me parte do prazer de ver o filme, mas na verdade também não sou particular fâ de interromper um filme, adiando a sua continuação para tempo futuro: na maioria dos casos, é também uma forma de prejudicar a capacidade de absorver tudo o que um filme tem para me dar). Em boa hora continuei: Nuri Bilge Ceylan, assim se identifica o realizador da obra, com cerca de duas horas de filme, presenteou-me com um diálogo digno do melhor da literatura russa (a primeira coisa que me veio à cabeça foi logo «esta merda é Dostoiévski»). Durante vinte minutos, no diálogo mais longo do filme, ainda que boa parte dos outros diálogos sejam igualmente e deliciosamente prolongados no tempo, a dor de cabeça desapareceu e entrei noutra dimensão. Finda essa cena (e regressada a dor de cabeça), acabei mesmo por optar por parar o filme e deixar o resto para o dia seguinte, mas não sem antes ir confirmar ao google a relação do cinema de Ceylan com a literatura russa (ficando ainda mais convencido de que tenho de ver o resto da sua obra logo que possível). O nome do filme é Winter Sleep - obviamente, recomendo vivamente -, vencedor da última Palme d'Or do Festival de Cannes.

Primos, tias e Santos Silvas

No filme Wolf of Wall Street há uma cena interessante onde um banqueiro suíço explica ao vigarista americano como é que se fazia para meter o dinheiro a salvo na Suíça. Isaltino também tinha um primo na Suíça. E por ai adiante. Obviamente, logo que apareceu esta história do swissleaks e começaram a sair cá para fora alguns dos nomes de quem tinha contas com elevado valor no banco HSBC, não era preciso ser um génio para perceber que muitos daqueles nomes escondiam outros. Só desconhecidos no topo da lista, como por exemplo Sílvia Ruivo Caçador, não fazia qualquer sentido. A RTP hoje já noticiou que não faz mesmo e é a própria Sílvia Caçador, que trabalha numa instituição que gere grandes fortunas, quem diz que houve usurpação de identidade. Se foi usurpação ou a própria aceitou participar no esquema, tenho as minhas dúvidas. Que boa parte dos nomes que aparecem referenciados são testas de ferro, tenho como garantido. E, infelizmente, temo que nunca venhamos a saber, na maior parte dos casos, o que esses nomes escondem.

Gostos de gaja

Twilight e Fifty Shades of Grey, este último aqui apresentado como um mero produto de marketing, partilham o mesmo ponto de partida: o material de origem, os livros, foram escritos por uma gaja, o filme foi realizado por outra gaja e o material é dirigido a gajas, dando-lhes o tipo de historias que parte significativa das gajas querem ler/ver, mas cujo gosto e desejo espelhado pela predilecção por este tipo de história estão pressionadas a não revelar publicamente. As "verdadeiras" gajas, as feministas, não apreciam particularmente este tipo de história pelo papel para o qual remetem as gajas no seu relacionamento com os gajos, e os gajos, que continuam a ter o domínio do espaço público, também não apreciam estas história porque, enfim, são histórias de gajas. Logo, no espaço público, há que tratar com desprezo este tipo de produtos. Desprezo que não se manifesta igualmente por uma outra série de produtos de valor semelhante, nomeadamente os filmes de super-heróis. Como se esses, numa fórmula repetida até à exaustão e que tomou conta dos blockbusters de verão, analisando por igual perspectiva, fossem menos "produtos de marketing" do que Twilight ou Fifty Shades of Grey. Paradoxalmente, na perspectiva das "verdadeiras" gajas, contudo, os filmes de super-heróis, cuja supremacia na indústria cinematográfica tem origem numa cultura maioritariamente masculina, só lhes irrita pela ausência de super-heroínas. Para as "verdadeiras" gajas, a ascensão da mulher no espaço mediático não deve ser feita pela acentuação, demarcação e imposição das diferenças entre os dois sexos, num plano onde as diferenças fossem aceites como naturais, respeitadas de igual forma e tivessem igual capacidade de exposição, pois isso seria contrário à tese de que as diferenças entre sexos só existem por condicionamento sócio-cultural - elas diriam mesmo que esse tipo de paradigma contribuiria ainda mais para o condicionamento -, mas pela apropriação por parte da mulher daquilo que é e tem sido uma cultura essencialmente masculina. Gaja que é gaja quer ser gajo. Ai daquela que fantasie com o Edward Cullen ou o Christian Grey. Temos de pôr as gajas a ver e gostar de futebol (sim, bem sei que há também quem queira pôr os gajos a andar de salto-alto). A igualdade acima de tudo. Abaixo a diferença.

Cinema e política

A avaliar pelo que li em muitos sites informativos norte-americanos, está muito mal Nuno Galopim com esta opinião, o grande ausente dos nomeados não pode ser um velho branco, mas antes a jovem negra que dirigiu Selma. Enfim: as nomeações para os Óscares têm sempre motivo para polémica - e este ano voltam a ter -, mas a forma como certos sectores na América têm discutido as mesmas sobretudo numa base política e não cinéfila é por demais irritante. A Academia, presidida por uma mulher negra, é misógina e racista (como devem ser todas as instituições que entregam prémios nesta altura, uma vez que os Óscares seguem basicamente a tendência de todos os outros prémios) e tem de ser chamada à pedra. É preciso nomear (e premiar) mulheres e negros à força. Não há pachorra. Note-se que não nego que exista uma sub-representação óbvia das mulheres no mundo do cinema - a dos negros, nos últimos anos, já começa a ser muito mais discutível -, mas não é atribuindo prémios a quem não os merece que se resolve isso. De igual modo, também não ignoro que os Óscares sempre tiveram uma dimensão política - logo a começar, a forma como os filmes são escolhidos cada vez mais depende de campanhas de marketing bem montadas que fazem lembrar qualquer outra campanha eleitoral política -, mas nunca nos termos colocados no actual contexto. E a que se deve isso? Basta ler a imprensa e revistas norte-americanas: há um acentuar da guerra cultural (i.e. feminismo) e uma das consequências irritantes disso mesmo é a forma como tudo passa a ser motivo de divisão e batalha política. No cinema, um filme só é bom se ajudar à causa. Graças a isto, de todos os nomeados para os Óscares, só conto ficar com Selma por ver. O marketing do filme produzido por Oprah Winfrey foi de tal forma baseado em critérios políticos que ganhei-lhe irritação e agora prefiro deixar o seu visionamento para um tempo futuro onde esteja menos influenciado por este contexto que quer fazer do cinema apenas outro campo de batalha política.

 

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Mas, em parte, os movimentos políticos tiveram o seu sucesso: num ano em que houve Nightcrawler (Jack Gyllenhall e Rene Russo podiam facilmente ter sido nomeados nas categorias de melhor actor e melhor actriz secundária respectivamente); Gone Girl (David Fincher vai passar outro ano sem ganhar um Óscar: ao que dizem tem poucas hipóteses por ser um grande cabrão); ou Intersetllar (Nolan pode agradar muito ao público - o seu filme é o número um no imdb dos filmes de 2014 -, mas quem entrega prémios continua a confundir blockbusters com Michael Bay); todos eles também relativamente esquecidos pela Academia, conseguem ser esquecidos enquanto esquecidos porque é sobretudo a marginalização de Selma a gerar títulos (isto para não falar de quem lembra-se de trazer à baila a Jolie e o Unbroken). Contudo, para estes movimentos políticos liberais (no sentido americano), um tiro saiu-lhes pela culatra: vendo em American Sniper um alvo a abater, por ser realizado por um homem branco e conservador, o homem do diálogo com a «empty chair», acharam por bem usar o filme do extraordinário Clint como indicativo do tipo de trabalho ao qual a Academia estaria injustamente inclinada a dar preferência em relação a Selma (às tantas até parece que Hollywood não tem forte inclinação Democrata). Como resposta, o grande Clint prepara-se para conseguir com o seu filme arrecadar mais de 100 milhões de dólares numa semana (a pirataria contínua a matar o cinema). Como? Com um filme que retrata uma daquelas histórias que cai bem numa parte significativa do público americano. E como o cinema americano ainda é movido essencialmente por dinheiro, tem esta coisa aparentemente absurda de fazer arte dando ao público o que ele quer e gosta de ver. E é tão revigorante ver este velho de 84 anos a fazer isso mesmo.

 

whiplash.jpg

 

Para terminar esta cena dos Óscares, diga-se que achei as biografias dos britânicos Alan Turing (The Imitation Game) e Stephen Hawkings (The Theory of Everything) algo aborrecidas e nada de especial - não é, definitivamente, o meu tipo de filme favorito -, mas adorei, muito mesmo, o super energético e emplogante Whiplash: de tudo o que vi, o melhor filme de 2014. Mas, não esquecendo as novas tendências, importa dizer que foi escrito e dirigido por um homem branco; tem dois protagonistas brancos; entra uma rapariga branca que serve sobretudo como adereço e não tem qualquer profundidade; e negros só aparecem de forma marginal. Para a "nova" malta que faz do sexo e da cor da pele dos participantes num filme o principal tópico de discussão, é capaz de ser importante referir estes dados. Ficam referidos. A quem está apenas interessado em ver bom cinema: fica a recomendação.

«I'm interested in cinema»

 

Com o lóbi negro a querer tomar conta de Hollywood como outrora o lóbi judeu tomou. Com realizações (e realizadores) medíocres a serem elevadas à categoria de filmes premiáveis porque há que dar graxa aos financiadores. Com o box office chinês a influenciar cada vez mais algumas mega produções amerianas. Apesar de tudo, o cinema americano mainstream contínua a dar cartas: por exemplo, do que vi, gostei muito do Foxcatcher e do Nightcrawler e achei Boyhood e Gone Girl interessantes, embora nada de outro mundo como quiseram fazer crer. E a verdade é que quantos mais filmes vistos vou somando ao currículo, mais difícil me parece achar que estou perante um filme genial a cada novo filme que vejo. Também por isso, na tentativa de ser surpreendido, diversifico. Contínuo a estratégia de misturar filmes contemporâneos com os clássicos (estratégia cada vez mais favorável aos clássicos: é possível obter um prazer a ver o Witness for the Prosecution, para nomear um dos clássicos americanos que vi recentemente, que nenhum filme contemporâneo consegue proporcionar) e insisto no cinema feito fora de Hollywood. Procuro listas: «melhores filmes japoneses/coreanos/chineses/russos/europeus»; «filmes para ver antes de morrer»; «os melhores filmes para a AFI»; etc... tomo nota: tenho uma watchlist gigante, para a qual volta e meia dou uma vista de olhos só para descobrir que boa parte dela diz respeito a filmes dramáticos quando o que preciso mesmo é de um filme que me anime. Porquê esta paranóia de acharmos que os melhores filmes, a maior parte dos melhores filmes, têm de ser os negros, os dramáticos? Ou talvez não seja bem isso e o meu problema é que entre os filmes mais voltados para o entretenimento puro, mais alegres, que são considerados brilhantes, já vi quase tudo. Sobram-me os dramáticos, com histórias pesadas. Em excesso. É um drama.

 

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Por falar de filmes em tons negros, uma das coisas preciosas que vi nos últimos tempos foi o clássico japonês Pale Flower. Entre a (para sempre) misteriosa Saeko, na imagem, e o estiloso Muraki - que não fica atrás do Jef Costello do Le Samourai -, com uma cinematografia deslumbrante e hipnotizante, a obra de Masahiro Shinoda constituiu uma muito agradável surpresa. E despertou o meu interesse por todo um conjunto de filmes da época que retratavam personagens ligados à Yakuza. Mas não foi nestes que voltei a ser positivamente surpreendido, mas antes com mais um daqueles filmes simples e parados tão típico dos japoneses, que tem tudo para ser um filme chato - para muito boa gente, será mesmo -, mas à medida que o filme se vai desenrolando e vamos aderindo à vida daquelas personagens, acabamos por terminar o visionamento do mesmo com uma agradável sensação de bem estar. Não há grandes dramas. Não há finais inverosímeis e absolutamente felizes. Há a simplicidade da vida, constituída por breves, mas importante, momentos de felicidade. O filme é o Linda Linda Linda, cujo vídeo que abre este post se refere. E o quanto curto aquela cena. Também eu, um dia, já fui feliz daquela maneira, à minha maneira. E, sim, não me sai da cabeça o «Linda, Linda! Linda, Linda, Linda!».

 

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Por fim, só mais duas referências: vi finalmente e gostei muito do filme alemão Barbara, de Christian Petzold. Neste - um retrato plausível da história de uma mulher na Alemanha de leste durante o comunismo -, às tantas, o argumento torna-se previsível, o que é um ponto fraco, mas a força do filme reside na facilidade com que nos conseguimos colocar no lugar da personagem, magistralmente interpretada por Nina Hoss, e sentimos os dilemas que uma pessoa naquela situação, de ausência de liberdade, dignidade e permanente suspeição, estava confrontada. Mas ainda mais interessante foi o visionamento pela primeira vez do Close-Up de Abbas Kiarostami. A forma como o realizador iraniano "brinca" com o espectador, misturando realidade com montagem e encenações da realidade; no que (é) pode ser um documentário, mas também pode não o ser (não o é); no que é-nos apresentado como a a história do homem que quis passar por realizador, mas agora faz o papel de actor, que também é o dele próprio ou de uma representação tão falsa dele próprio quanto a da realidade onde se fez passar por realizador; é deliciosamente bom e thought-provoking. É cinema e ao mesmo tempo é estudo sobre o que é o cinema enquanto arte. E ajuda a enquadrar melhor os filmes posteriores que já lhe vi onde o tema do «quem e o que é o quê» estão sempre presentes.

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