We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
E pensar: nos próximos anos, devemos vir a ter muito investimento estrangeiro em Portugal. Ou então não. Muito do que se escreve até nem faz particular sentido, mas nada disso interessa: o que conta é a imagem que passa. E o que passa é que isto é uma bandalheira, de onde gente que se preocupe com o seu dinheiro e queira segurança deve fugir.
Em breve, teremos um novo poder em Portugal. Acho que esse novo poder resulta do PS estar a escolher o caminho errado, mas é o caminho deles, problema deles. A direita era o poder, irá ficar sem ele. Aceite isso de vez, deixe de ser piegas. A circunstância em que se dá a troca de poder não é a melhor, mas era certo que a direita não ficaria lá eternamente. Mais do que chorar sobre o leite derramado, é aproveitar a circunstância em que perde o poder para tentar regressar a ele mais cedo e com mais força. O quadro político-partidário tradicional, sem que os partidos tradicionais em Portugal tenham sofrido muitas perdas, ficou esfrangalhado: de três blocos distintos na AR, passaremos a ter apenas dois. Um bloco de esquerda e outro de direita. A direita, daqui para a frente, deve deixar o PS, com Costa ou após Costa, entregue aos seus novos companheiros de caminho. Espero que aprendam essa lição e não mais sonhem em recuperar o que já lá vai. O novo poder, até por ser construção recente, parece-me ser evidentemente frágil e mau, logo, mais fácil de se lhe fazer oposição. É aproveitar e atacar em força. Até porque não existirá governo de esquerda em estado de graça. E, é possível, existirá desgraça. Essa será a parte muito grave em que o caminho escolhido deixará de ser apenas problema do PS para ser problema de todos nós. Depois das contas públicas descontroladas de Guterres e da bancarrota socrática, se o PS de Costa voltar a entregar o país esfrangalhado a um outro governo, como arrisca fazer, será ainda mais difícil encontrar palavras para descrever este pais e a irresponsabilidade que se apoderou de uma parte do espectro político. Mas, pensando bem, como estranhar, se os rostos são, afinal de contas, praticamente os mesmos? Aos quais se somam uns jovens turcos que em nada melhoraram a pintura. Triste geração esta a que tomou conta do PS. Triste geração esta que está na calha para substituir a antiga. Tristes de nós que teremos de levar com eles (outra vez).
Como conciliar ideia de buraco nas contas públicas com isto: Cedências da PàF ao PS custam €1309 milhões em quatro anos. Adiante: uma possível explicação para a conversa da «surpresa desagradável», sendo certo que há nuvens no horizonte (novos desafios à governação são o pão nosso de cada dia e agora qualquer novo desafio pode ser visto como facto que confirma o presságio costista): sem governo de esquerda consolidado - a capa da acção socialista do Público já fala num impasse nas negociações à esquerda -, o PS não pode impedir o governo PSD/CDS de entrar em funções, mas começa já a ensaiar o discurso para justificar o derrube desse governo e a convocação de eleições antecipadas (e, para isso, tudo servirá, toda a situação negativa que aconteça verá a sua gravidade empolada pelo partido socialista, um pouco como aconteceu com toda a informação negativa que surgiu durante a campanha eleitoral). Dito isto, na capa do DN, depois das declarações absurdas de Costa que deram força a especulação variada, Mário Centeno, em manifesto controlo de danos, aparece a dizer que «o mais importante das reuniões com a PàF é o que não foi dito». Se não se tratasse de coisa séria, isto até tinha graça. Muitas vezes, chego a dar por mim a torcer para que esta coisa do governo de esquerda ande para a frente. Como não lhe adivinho longa vida, no médio/longo-prazo seria a solução que melhor serviria o país (e a direita política).
O programa eleitoral socialista tinha uma parte razoável e interessante, diria até reformista, que é precisamente a parte que BE e PCP vão tratar de destruir (refiro-me, por exemplo, às mexidas na TSU e à condição de recurso em algumas prestações sociais não contributivas). Depois tinha uma parte onde exagerava e era irrealista, nomeadamente no ritmo de reposição do rendimentos das pessoas e nos seus efeitos sobre os equilíbrios da economia, onde fazia estimativas que nunca considerei realistas, essa era precisamente aquela parte em que sempre contei que a direita, em minoria, com um PS vencedor das eleições, mas a precisar de alguém que lhe aprovasse os orçamentos, iria moderar. Essa parte será precisamente aquela que a extrema-esquerda quererá ver reforçada. É uma pena que o PS e Centeno não tenham divulgado de forma transparente os pressupostos em que se baseava o seu modelo económico, mas percebe-se porquê: o mesmo modelo que procuraram usar para dar credibilidade ao seu cenário macro, chumbaria certamente qualquer acordo eventual que venha a ocorrer entre PS, BE e PCP. Chumbaria no modelo, chumbará na realidade. Como o povo português acabará pagando para descobrir.
A avaliar pela qualidade da malta que discursa na campanha socialista e o critério dos temas escolhidos para o discurso, ainda aguardo pela aparição e regresso do grande Manuel Pinho com um discurso dedicado ao tema «as rendas no sector eléctrico que este governo foi incapaz de cortar» e do não menos grande Mário Lino com um discurso dedicado ao tema «as PPPs que este governo foi incapaz de renegociar».
Tenho muitas dúvidas que o défice fique nos 2,7% previstos pelo governo, é bem capaz de ficar acima disso, ligeiramente acima de 3%. Mas, repito: ligeiramente acima de 3%, como estimado por algumas instituições internacionais. Isso não representa qualquer descontrolo das contas públicas, bem pelo contrário, se comparado com o estado dessas mesmas contas públicas no final de 2010, inicio de 2011, a consolidação orçamental que se verificou desde então foi brutal e acentuada. Não há pessoa que perceba de contas e com um pingo de honestidade e seriedade que não reconheça isto. Não há instituição internacional, inclusive agências de rating, que não reconheça isto. O próprio PS sabe isto tão bem que no seu programa de governo conta com Portugal fora do procedimento por défice excessivo no curto-prazo. Por isso mesmo, se há assunto em que o PS devia ter vergonha de tocar era o do défice. Que, pelo contrário, os socialistas considerem que podem capitalizar votos nesta matéria mostra apenas duas coisas: 1) o pouco respeito que têm pela inteligência dos eleitores e 2) a forma ignóbil como continuam a ignorar as asneiras que fizeram no passado e que tanto custaram ao país. Dois bons motivos para lembrar o porquê de não merecem o voto de quem quer que seja. É a minha opinião. Que partilho cada vez com maior convicção.