Prejuízos crónicos, privatização, encerramento
Marcelo acredita que “privados podiam gerir melhor” empresas públicas com prejuízos crónicos. Acha? E como é que se privatizaria uma empresa pública com prejuízos crónicos? Que privado estaria disposto a gerir tal empresa sem contrapartidas por parte do Estado? Claro que em algumas das empresas seria possível com uma reestruturação financeira torná-las atractivas para os privados - e, ainda assim, por exemplo na TAP, o senhor Pinto está há anos a adoptar um plano de reestruturação que possibilite a privatização da empresa e até agora nada: dizem que é este ano, aguardemos -, mas é garantido que para muitas empresas não há reestruturação que as salve e para essas é melhor tomar a decisão que se impõe e não andar com conversa da treta típica de quem nada faz, nem nada deixa fazer.
Passos Coelho até tem cuidado no que diz, mesmo porque conhecerá os marcelos, dentro do seu próprio partido, com quem tem de lidar. Vejamos o que Passos diz: i) pede ao governo que identifique as empresas que dão prejuízos crónicos, e que até têm alternativas no sector privado, que pretende encerrar; e ii) que o executivo identifique também o "serviço público" prestado pelas empresas em relação às quais não há alternativa no sector privado. No primeiro caso nem devia existir discussão, se há empresas públicas com prejuízos crónicos a actuar em sectores onde existem ou poderiam existir empresas privadas a prestar igual serviço, feche-se a empresa pública. No segundo caso a ideia será garantir que, naqueles sectores onde o sector privado não constitui alternativa, exista maior racionalidade económica na gestão pública, ou seja, que ninguém desbarate recursos públicos só porque sim e a existirem prejuízos que seja muito bem justificado o porquê de assim ser.
Claro que quer no primeiro, quer no segundo caso, perante qualquer governo socialista a conversa cairá em saco roto. No manual de um bom socialista nunca uma empresa privada poderá fornecer um serviço igual/superior ao prestado por uma empresa pública. No manual de um bom socialista o prejuízo será prova de que o serviço prestado pela empresa pública dá prova de grande utilidade social, até porque tudo o que cheire a lucro é malévolo. No manual do bom socialista todo o desbaratar de recursos que gerem resultados operacionais negativos são justificados com externalidades positivas.