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Goodbye Hollywood, Jet, Shaka Rock (2009), Austrália
A entrevista de José Sócrates a Constança Cunha e Sá foi a todos os títulos deplorável. Que o sujeitinho mente frequentemente, penso que poucos duvidam, mas ontem conseguiu ir ainda mais longe. O sujeitinho deve pensar que são seres desprovidos de cérebro para pensar os que o ouvem. Alguns truques de retórica já estão batidos, como o de começar por atirar números ao ar demonstrando que o ritmo de subida da despesa abrandou, para logo depois começar a falar em descida da despesa tout court, algo que nem de perto, nem de longe, aconteceu. Mas o pior é que naquela cabecinha, pensa-se que será possível fazer crer que os mercados internacionais estariam muito preocupados com o preço dos submarinos e dai resultou a subida dos juros da dívida pública. Por amor de Deus! Os mercados internacionais nem fazem ideia do preço dos submarinos e nem querem saber. Como se fosse uma despesa contratualizada desde 2004 e que só é contabilizada num ano motivo de qualquer preocupação. E o fundo de pensões da PT? Os contribuintes portugueses não vão pagar nada, diz o sujeitinho. Que a PT compromete-se e coisa e tal. Certo é que o orçamento do Estado do ano de 2010 recebe um acrescento de 2,6 mil milhões de euros para tapar o buraco de Sócrates e, em contrapartida, os orçamentos futuros, por anos a fio, terão de pagar os valores das pensões dos antigos funcionários da PT que assumimos agora como responsabilidade. Sócrates tapa o seu buraco atirando responsabilidades para os governos futuros, os outros que se amanhem. E o TGV é a mesma treta. Sócrates quer o seu projecto para gabar-se nos tempos vindouros que foi ele o responsável pelo comboio de alta velocidade. Claro que os custos de exploração anuais que o contribuinte terá de pagar já não serão problema de Sócrates. Isto de governar a desbaratar o dinheiro dos que estão vivos e dos que estão por nascer é mesmo uma coisa linda. O buraco de Sócrates representa uma factura que pagaremos por muitos e muitos anos.
E agora reparem: parece, ainda não percebi muito bem, que o Estado mexerá na legislação de forma a baixar os salários da função pública, por outro lado, aos privados tal continuará a não ser permitido. Que Estado é este que tudo pode e em todos manda? Que Estado é este que tanto faz e aos outros tanto não permite fazer? Que moral é esta?