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Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Os Comediantes

We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession. If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all. We are bad comedians, we aren’t bad men.

Mr. Brown

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O encontro com Merkel

1. O primeiro-ministro, José Sócrates, salientou hoje o resultado "histórico" das contas públicas em janeiro e fevereiro, e garantiu que Portugal "tem condições para resolver os seus problemas sozinho". Resultado histórico? Sócrates um mau aluno? Nunca, ele é um aluno genial. E se conseguimos resolver os nossos problemas sozinhos qual a justificação para as queixas persistentes sobre o que a Europa ainda não fez? Bullshit. Mas perante tal afirmação a chanceler Merkel só teria de nos dar uma resposta: desenrasquem-se, estão por vossa conta. Com as taxas de juro actuais quanto tempo duramos sozinhos? Pouco ou nenhum.

2. O primeiro-ministro, José Sócrates, rejeitou hoje a ideia de subserviência na visita à chanceler alemã, Angela Merkel, considerando que "Portugal tem oito séculos de história e não é subserviente com ninguém, a não ser com o seu povo". Oito séculos de história que o actual primeiro-ministro não honra nem um bocadinho. A visita a Merkel é mero sintoma disso.

3. Depois de ter reunido durante meia hora com José Sócrates, em Berlim, a chanceler alemã saudou as reformas levadas a cabo pelo Governo português para a consolidação orçamental, mas sublinhou que Portugal precisa de ir mais longe. A reitora a puxar as orelhas ao mau aluno: precisas fazer mais. Parece que não se deixou entusiasmar pelo resultado "histórico" apresentado. Insaciável a senhora. Sócrates sai com as orelhas a arder.

4. A líder do Executivo alemão escusou-se a intervir para baixar as taxas de juro que Portugal tem pago no acesso ao financiamento internacional, argumentando que "quando houver mais confiança em Portugal, certamente irão descer, mas isso não se pode fazer de forma artificial". Ou mudam de vida ou, basicamente, estão por vossa conta e risco.

Ler os outros (XXXIII)

Dito isto, o que interessa não é o primeiro-ministro português convencer a chanceler alemã de que estamos no bom caminho, e sim convencer todos os outros países que a Alemanha está ser “dura” com Portugal, como será com outros países. Não há forma de sairmos bem desta situação, mas reconhecer qual o interesse principal do outro lado ajudará a perceber que informação pública e comunicação devem ser dados. Dizer que a Alemanha é amiga de Portugal e que nos ajudou, nada ajuda à reputação pretendida… teremos que fazer desta vez a figura do mau aluno que é repreendido para que os outros se portem bem…

Uma forma de fazer política

1. Em Janeiro de 2011, fonte do ministério do trabalho avançava a notícia da seguinte forma: Estagiários passam a ter direito a subsídio de desemprego.

2. Março de 2011, o resultado prático da medida avançada: Estágios levam corte de 20%. Quem ganhava 838 euros passa a receber 581.

3. Acham que, para as contas do Estado, este fica a ganhar ou a perder com as novas regras?

4. É  assim tão difícil ao Governo assumir que não tem dinheiro para subsidiar estágios como até aqui? É necessária esta forma dissimulada de contenção de custos de modo que possam apresentar a nova medida sob um prisma positivo? A contenção de custos não é prisma positivo o suficiente? Quanto maior a ilusão melhor, será isso?

FMI tenebroso

1. Provavelmente: “Merkel vai forçar Portugal a pedir ajuda internacional”.

2. O medo de Sócrates com o FMI: a instituição tenebrosa chega a Portugal; verifica as nossas contas públicas; tem em consideração o valor do défice com que estamos comprometidos; e, se considerar que não estamos numa trajectória orçamental que permita obter o valor prometido, não irá propor como medida extraordinária qualquer truque contabilístico. Varrer a realidade para debaixo do tapete não é a especialidade do FMI. Mas proporá qualquer outra coisa e é essa outra coisa que assusta Sócrates.

3. A desconfiança de Merkel - e dos mercados - com Sócrates: os truques contabilísticos de Ferreira Leite foram uma forma de varrer a realidade para debaixo do tapete e tinham como objectivo satisfazer as cúpulas europeias. Estas últimas  - numa atitude irresponsável - fecharam os olhos e fingiram não perceber o que se passava. Já os truques contabilísticos de Sócrates e Teixeira dos Santos são mais graves, isto porque verificam-se numa conjuntura de terrível desconfiança não só das cúpulas europeias, mas também dos mercados, para com as nossas contas públicas. E se Ferreira Leite beneficiou de um fechar de olhos, no momento actual os olhos de quem nos monitoriza estão bem abertos e não deixam escapar nada.

4. O sonho de Sócrates: porquê aumentar a desconfiança dos mercados para connosco, então? Porque a dupla Sócrates/Santos, entre o deve e o haver, preferiu ganhar algum tempo à espera de uma mãozinha alemã fruto de uma qualquer alteração do que tem sido a sua posição sobre o tema da divida soberana - e essa esperança mantêm-se -, do que deixar a nu a triste realidade com que nos defrontamos e com isso verem-se obrigados a recorrer imediatamente ao FEEF.

5. Dizem alguns que a vinda do FMI representará uma machadada na credibilidade do país que se prolongará durante muitos anos. Digo eu que este período prolongado de resistência ao recurso ao FEEF - por medo do FMI - com os holofotes internacionais apontados para nós e que resultou na fiscalização activa e constante do que tem sido a prática governativa do actual executivo, se há coisa a que não tem ajudado é à credibilização do país.

6. O país contínua a optar pelo adiar da resolução dos problemas à espera de um futuro mais radioso. Como em quase todas as situações passadas em que essa foi a estratégia adoptada, acabaremos por suportar custos mais elevados do que aqueles que pretendíamos evitar.

Pág. 12/12

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