Os idiotas
Absolutamente extraordinário. É por estas e por outras que é difícil não acreditar que temos deputados a mais.
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Absolutamente extraordinário. É por estas e por outras que é difícil não acreditar que temos deputados a mais.
Se a intenção era humilhar e vergar Seguro, forçando-o a agradar à facção socrática, então mais valia ter-se deixado de tretas e arriscado a candidatura ao PS em nome dessa mesma facção.
Há muito tempo que a minha aposta é que António Costa vai concorrer às presidenciais. Ontem à noite, pensei que a minha intuição estava errada, mas afinal mais não se tratou do que o Expresso, sempre tão bem informado, a fazer das suas. O edil lisboeta, apesar do seu silêncio aquando da governação socrática, é um tipo esperto e não podia ignorar quem estava na origem da janela de oportunidade que surgiu para um assalto ao poder no PS. De resto, com Costa fora do caminho e a combinação do ciclo económico com o político a seu favor, não é difícil prever que António José Seguro vai ser o próximo primeiro-ministro do país. E para já teve uma grande ajuda: conseguiu distanciar o seu PS do PS da tralha socrática.
Gostava de me recordar de uma única crítica de António Costa a José Sócrates. Uma apenas. Não me recordo. Ainda a 9 de Abril de 2011, quando o descalabro da governação socrática era por demais evidente, isto era tudo o que Costa tinha a dizer. Mas o homem tem boa imprensa, lá isso tem. Como tinha e teve durante muito tempo Sócrates. Basta frequentar e agradar os círculos certos.
A tentativa de regresso ao poder da «tralha socrática», se bem sucedida, é merda para me provocar o maior desgosto e a maior desilusão que alguma vez tive com a política nacional. E com o país.
Quando se começam por discutir soluções sem primeiro reconhecer o problema, dificilmente a discussão conduz a algo de útil, porque é dominada pelos efeitos “colaterais” das soluções, e não pela sua eficácia para lidar com o problema. A entrevista de Vítor Bento é recente e combina bem com este título do Negócios: Ferreira do Amaral: Taxa de desemprego pode ir até aos 20% se tivermos um corte de 4.000 milhões. Melhor exemplo de focar a discussão no efeito colateral e não na eficácia da solução em si não é possível encontrar. Contudo, já o disse uma vez aqui e reforço que Ferreira do Amaral é um dos economistas de esquerda, a par por exemplo de um Silva Lopes, que merece ser escutado e neste post de Luís M. Jorge é possível encontrar com maior detalhe os argumentos de Ferreira do Amaral contra o corte de 4 mil milhões da despesa, num argumentário contra o qual só me apetece dizer que comete a imprecisão de referir-se a uma descida do défice de 2011 para 2012 pouco acima de um ponto percentual quando o valor rondará os dois pontos percentuais. No entanto, reparem - e é nisso que Ferreira do Amaral se destaca de muitos outros que dizem coisas semelhantes -, ele acrescenta uma solução, na qual vem insistindo desde há muito: sair do Euro. Quem cita Ferreira do Amaral, deve citar tudo. Mas acrescente-se mais duas notas: 1) diz também Ferreira do Amaral que no FMI «não estão habituados a fazer programas para países que não têm moeda própria e muitos dos instrumentos que estavam habituados a usar não estão a funcionar. Deviam ter criado e discutido uma doutrina sobre como intervir em países sem moeda própria»; muito bem, mas reparem que Ferreira do Amaral também aparenta não saber que programa aplicar a um Portugal sem moeda própria, de tal forma que a solução em que continua a insistir é que voltemos a ter moeda própria; e 2) a saida do Euro também tem efeitos colaterais fortíssimos ou nem por isso? Pois, é que no fundo o Silva Lopes é que resumiu bem a coisa aqui: «Há coisas que me deixam muito transtornado porque não sei qual é a solução. Sei que tem que haver uma solução, mas quer para um lado, quer para o outro, a solução é terrível». Mas sempre que somos confrontados com uma das soluções terríveis achamos que tem de existir uma melhor. E vai ser assim até o dia em que deixarmos de poder achar o que quer que seja, porque há problemas que não se podem arrastar eternamente e uma das solução irá impor-se à força.
A RTP não vai ser privatizada; no Expresso passaram a acreditar que o Governo vai cumprir a legislatura até ao fim. Viva o fim da guerra do Governo com a comunicação social do status quo.
René Magritte, The Lovers, 1928
«My painting is visible images which conceal nothing; they evoke mystery and, indeed, when one sees one of my pictures, one asks oneself this simple question, 'What does that mean?'. It does not mean anything, because mystery means nothing either, it is unknowable.»