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O próximo Governo, à semelhança do actual, vai continuar a testar esta hipótese.
Em Portugal, é possível defender simultaneamente a imperiosa necessidade da reestruturação da dívida pública e a nacionalização da PT (não ia ficar muito cara aos cofres do Estado, dizem). Se esta gente que defende isto não existisse, tinha de ser inventada. Os nossos "debates" públicos mais não parecem do que um enorme sketch dos Monty Python recheado de protagonistas e figurantes.
Algo relacionado com a distinção feita no post anterior, diga-se que os nossos grandes "analistas", de Rui Tavares a Freitas do Amaral, já fizeram a sua avaliação e acham que a PT vai ser vendida ao preço da uva. Caro historiador, professor de direito e demais "analistas", esse é um problema que só diz respeito aos actuais e futuros proprietários. Com os brasileiros da Oi à cabeça, principais interessados em que a venda se faça pelo melhor preço possível [a preocupação desta malta com o preço pelo qual os brasileiros venderão uma das suas empresas é constrangedora]. Que a empresa privada X (brasileira) venda à empresa privada Y (francesa ou de outra nacionalidade qualquer) um activo ao preço A ou B interessa zero ao contribuinte ou ao Estado português. Os debates sobre a PT aproximam-se do ridículo.
O Governo espera um défice de 2,7% do PIB para 2015. A confirmar-se, será a primeira vez desde 1997 que fica abaixo de 3%. Mas não é por falta de optimismo: em 12 dos últimos 19 anos, o orçamento tinha uma meta inferior a 3%. Mas este ano há uma novidade: o Governo congratula-se e faz propaganda desenfreada só por ter a tal meta abaixo dos 3%. Originalidade tremenda para ano eleitoral. Já esta outra meta, parece ter ficado esquecida no tempo: «Nós temos de entrar numa trajetória nos próximos anos que nos conduza até 2015 a um peso da despesa pública que não seja superior a 43 por cento, e mesmo assim ainda teremos défice para cobrir. As nossas metas até 2015 são metas importantes, mas não são metas finais. Nós ainda teremos de superar essas metas nos anos subsequentes».
«Queremos tudo. Somos o povo do sol na eira e da chuva no nabal. É evidente que, assumindo como pressuposto a manutenção da carga tributária – num cenário à economista, em que tudo o resto se mantém constante –, obviamente que se há desagravamento do ambiente fiscal para as famílias com dependentes, há um agravamento necessariamente relativo [para] as que não têm dependentes. É tão óbvio… Não percebo como é que se possa mascarar uma coisa destas.» Como já tinha escrito, só quero que deixem de me tomar por parvo. Isto, além de ser uma «salganhada», é uma cortina de fumo para esconder uma opção política óbvia do Governo. Da forma como a coisa é feita e anunciada, estamos a brincar com coisas sérias. É propaganda. Não há decência. Não há honestidade. Há trafulhice. Pura e dura. De um Governo em avançado estado de decomposição que se sentiu na necessidade de atirar medidas para cima da mesa neste orçamento, em ano eleitoral, só para mostrar que mexe, ainda que mexa mal e tenha vergonha de assumir de forma transparente o que faz, o que apenas mete maior dó. Há em mim sobretudo desilusão. Este orçamento, este final de legislatura, as opções reveladas, revelam uma fraude política. Os despiques propagandísticos nos jornais entre os partidos da coligação, insuportáveis. Esta dupla, Passos-Portas, assim que possível, tem de ser afastada do poder. Mas afastada com humilhação nas urnas. E afastada, de preferência, para todo o sempre. Quase ao ponto de merecer ser tratada abaixo de Sócrates.
Se Jardim quiser sair antes do tempo, é convocar eleições antecipadas.
Se o PCP queria nacionalizar a ES Saúde, o BE não se deixa ficar e quer nacionalizar a PT. Ainda assim, se me permitem a recomendação, olhando para o valor superior actual da sua principal concorrente, não seria melhor nacionalizar a NOS? Ou podemos matar dois coelhos de uma cajadada e nacionalizar logo ambas. Um dia seria bonito ver o PS a governar em coligação com esta gente. Ó se seria.
É claro que penaliza. Logo a começar porque a reforma do IRS foi viabilizada a partir da subida de outras taxas e contribuições (garantindo a neutralidade fiscal no âmbito global). Agravamento de taxas e contribuições que não serão apenas suportada por aqueles que beneficiam da introdução do novo quociente familiar, não é? O senhor Paulo "chico-esperto" Núncio toma os outros por parvos?