We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Em 2011, Assis concorreu contra Seguro na disputa interna pela liderança do partido. O primeiro obteve cerca de 30% dos votos e contava entre os seus apoiantes com boa parte do poder que à altura estava instalado no PS: o socratismo. A claque socrática nos meios de comunicação social delirava com Assis, homem que tinha sido chamado à liderança da bancada parlamentar do PS, por Sócrates, no seguimento das legislativas de 2009, pois era reconhecida, há muito tempo, a sua capacidade para estabelecer pontes com a direita (coisa de que o Governo socrático iria necessitar dado contar com apoio minoritário na AR). Nessa disputa, Tozé Seguro, por outro lado, era visto como estando mais alinhado com a ala à esquerda do partido. Três anos volvidos, não deixa de ser interessante ver Assis a ser colado a Seguro e ostracizado por aqueles que antes eram seus adeptos fervorosos. O que terá mudado? Assis não foi de certeza, pois contínua igual a si próprio. Permitam-me então constatar que o "novo" alinhamento do PS não é questão ideológica, mas mero desejo de poder e da estratégia traçada para o obter. A batalha à esquerda do PS revela-se muito mais complicada e problemática para o partido do que a batalha à sua direita, onde um governo apoiado por PSD e CDS encontra-se desacreditado junto de boa parte do eleitorado do centro. Partidos de poder é assim: têm de ter esta capacidade camaleónica para se adequarem às circunstâncias do tempo. O camaleão muda de cor para iludir. O que ontem era uma coisa, hoje é o seu contrário. Politics as usual.
O problema do PS com a posição de Assis em torno de uma possível coligação com os partidos à sua direita é que esse discurso, se fosse a linha oficial do partido, não daria qualquer hipótese aos socialistas de chegarem à maioria absoluta. Por isso mesmo - e ainda que no futuro o tempo possa vir a dar razão a Assis -, o isolamento deste nessa matéria faz todo o sentido. Menos compreensível é que o partido que não «adopta as más práticas estalinistas» de eliminação da fotografia deste ou daquele líder, tenha deixado claro a Assis, ainda há muito pouco tempo cabeça de lista do partido nas eleições europeias, que a sua voz não era bem-vinda neste congresso. O PS quer tanto dar mostras de unidade que fica mal na fotografia.
Alegre fala no congresso do PS e refere-se «à direita que quase destruiu o país». Chama-lhe «direita» porque o líder proibiu-o de falar no nome Sócrates.
A propósito disto, diga-se que só Bill Clinton, desde que abandonou a presidência dos Estados Unidos, já ganhou mais de 100 milhões de dólares apenas com isso: fazer discursos muito bem pagos por quem os solicita. Tudo relativamente transparente. Enriquecimento lícito. É o rei de um circuito onde a sua mulher aparece igualmente muito bem destacada, a par de outras figuras como o também ex-presidente, George Bush; o antigo mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani; a ex-candidata à vice-presidência, Sarah Palin; ou o ex-secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Tim Geithner. Ter estatuto de celebridade política nos Estados Unidos vai ganhando contornos de estrela rock.
Os estrangeiros que querem ficar com a PT, chegaram ambos à conclusão que precisam de um parceiroportuguês para irem adiante com a proposta de aquisição. Dando uma fatia do bolo a quem dificilmente teria condições para ficar com o bolo todo, talvez contem calar algumas vozes que se foram ouvindo nos últimos tempos sobre o assunto.
De mais um caso com contornos políticos: Duarte Lima condenado a 10 anos de prisão. O condenado, repare-se e pasme-se, diz-se inocente e alega que não há nada que fundamente esta decisão. Enfim, por mim, contínuo a pensar que há mesmo qualquer coisa a mudar, para melhor, na justiça portuguesa.
Numa entrevista entediante de Passos à RTP, talvez o aspecto que mais mereça ser registado é o primeiro exemplo de proposta política que poderá garantir ganhos à pala do caso Sócrates: «é tempo de não baixar os braços» e insistir na criminalização do enriquecimento ilícito. Do mero ponto de vista da estratégia política, para o PSD é perfeito: nem se pode dizer que seja uma discussão oportunista, pois estava agendado e garantido há muito o regresso do tema. Pelo meio, aproveita para malhar no Tribunal Constitucional que foi quem chumbou a proposta inicial. Proposta essa à qual só o PS se opôs. O regresso da discussão sobre este tema, com o caso Sócrates em pano de fundo, será uma enorme batata quente para os socialistas (basta ler as notícias recentes: Sócrates foi contra a lei do enriquecimento ilícito ou Lei do enriquecimento ilícito obrigaria Sócrates e Carlos Silva a justificar gastos, para dar dois exemplos). Mas, apesar de considerar que a nossa justiça dá demasiadas garantias à defesa, nesta matéria, estou com o PS (e com o TC). Não devemos aderir à táctica do «vale tudo». Acrescento, contudo, que no dia em que António Costa foi eleito secretário-geral do PS, nesse mesmo dia em que Sócrates era ouvido no TIC e no seguimento de uma semana em que tínhamos sido brindados com o caso vistos gold, o novo líder do PS enunciou, num breve discurso, as principais bandeiras do PS: nestas, sobre o combate à corrupção ou outros temas relacionados com a justiça, nem uma palavra. Não pude deixar de estranhar, até por Costa tratar-se de um ex-ministro da justiça que tinha puxado dos galões para relembrar tudo o que fez pelo combate à corrupção durante as primárias do partido.
Este processo só agora começou. Sócrates não se assume como culpado? Confesso que não esperava uma destas. Enfim, ignorando o conteúdo banal da carta, a única coisa relevante a tirar disto é, evidentemente, o absoluto delírio daqueles que protestam contra o mediatismo do caso (ainda para mais culpando especialmente a justiça por isso: coitada da justiça, nos próximos meses vai ser culpada de muita coisa). Achar que se atira um ex-primeiro-ministro, conhecido por ser um animal feroz, cheio de amigos e de apoiantes por tudo quanto é lado, para as teias da justiça e que a coisa não teria impacto mediático é de quem acaba de aterrar em Portugal vindo de Marte.
O motorista de José Sócrates, que segundo alguma imprensa é peça-chave na investigação em curso, é representado por um advogado da «Uría Menéndez - Proença de Carvalho». Segundo o Expresso, quando o motorista terá contactado o escritório com o desejo de encontrar quem o representasse, «ninguém percebeu que o caso envolvia o ex-primeiro-ministro». Há dias em que é-me impossível não pensar no belo título que arranjei para este blogue.