We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Não só aguentaram até ao fim como vão concorrer coligados às eleições deste ano. E isto num contexto de governação particularmente difícil. Se o anúncio, ontem, parece-nos agora natural, recorde-se que nem sempre foi assim e durante os primeiros meses deste Governo não faltou quem vaticinasse que o mesmo ia quebrar e cair muito antes do final da legislatura. Eu próprio desejei essa queda, ainda que por motivos completamente diferentes da maioria. E a história estava do lado de quem fazia tal vaticínio, como era recordado no Público em Junho de 2011: Governos de coligação nunca chegaram ao fim de uma legislatura em 35 anos de regime democrático. Mas a História não dita o futuro, como se comprova. Nem sempre estamos condenados a repeti-la.
O PS não se vai posicionar à esquerda para ganhar eleições, mas antes ao centro, como habitual. A vitória do Syriza na Grécia e os resultados dai subjacentes serviram para alguma coisa. Ou como Costa anunciou prontamente: «vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha». Uma linha contrária à do Syriza, portanto. Notável como em política é possível sugerir uma coisa e fazer precisamente o seu contrário.
Se há conversa tonta é aquela de que o Governo foi além da troika. É bom recordá-la a propósito disto. E aquilo nem é o mais relevante, porque se há coisa que me anima no cenário do PS é, precisamente, a da baixa da TSU para os empregadores. Um Governo que tivesse ido além da troika nunca teria deixado cair o «game changer» como o actual deixou. Mais, ao contrário do que alguma malta quer dar a entender, se há mais alternativas hoje do que no passado é porque há maior margem orçamental e o financiamento está muito mais facilitado - fruto, parcialmente, do trabalho deste governo, tenha-se noção disso - e não porque se comprove que, afinal, havia alternativa ao discurso do «não há alternativa». Mais: o cenário macro do PS revela que parte daquilo que se entende como alternativas mais não são do que variantes de um mesmo caminho que este governo percorreu, tentou percorrer ou está a percorrer. Há questões estruturais da economia portuguesa que têm mesmo de ser resolvidas e o que tem de ser tem muita força. Nesse sentido, onde outros vêem grandes diferenças, eu vejo muitas semelhanças. Aliás, se nos basearmos na retórica que dominou Portugal nos últimos anos, faria mais sentido algumas propostas do cenário macro do PS saírem de alguém com um mindset de direita do que um de esquerda. A diferença é que se essas mesmas medidas tivessem sido apresentadas por um partido de direita, caia o carmo e a trindade. Não o sendo, passam a ser boas e aceitáveis. As medidas são boas ou más não pelo seu valor intrínseco, mas por quem as apresenta. Como por aqui escrevi, tocar na TSU deixou de ser estúpido e a reposição parcial dos salários deixou de ser inconstitucional. Ah!, sobre aumento do salário mínimo o cenário macro do PS nada pressupõe, optando antes pelo crédito fiscal que tal como citado na notícia acima era ideia que a própria troika admitia. É, portanto, por quem se posiciona à direita, possível tecer elogios ao cenário do PS, não se percebe é a continuação da conversa que tenta fazer da troika o monstro mau.
A conversa do «não há alternativa» é de quando não havia fontes de financiamento além da troika, como aconteceu na fase 2011-13, nos dias que correm estamos numa outra fase, onde o executivo consegue obter coisinhas destas: «permite poupanças de cerca de 180 milhões de euros por ano em juros e comissões». É mais do que tudo o que PS promete gastar a mais com a reposição do Complemento Solidário para Idosos, a reposição das condições de acesso ao Rendimento Social de Inserção e o aumento dos montantes destinados ao abono de família, abono pré-natal e majoração para famílias monoparentais beneficiárias de ambos.
A propósito do post anterior, recorde-se que essa opção estratégica, tal como a da TSU, é mais uma que sempre teve muito maior adesão à direita e no PSD do que à esquerda e no PS. Depois de interiorizar tudo o que o "cenário macroeconómico" do PS propõe - continuando a achar que há ali uma grande dose de ficção nos resultados esperados e duvidando fortemente da exequibilidade de todas as medidas de uma vez só -, não posso deixar de considerar, como avaliação final, que a coisa é muito melhor do que eu próprio interpretei à primeira. Alguns números podem estar martelados, mas parte do caminho a seguir é mesmo aquele. Agora, é só avançar para um bloco central, de forma a levar o PSD nas negociações a impedir a baixa do IVA da restauração, tentar uma reposição dos salários dos funcionários públicos menos acentuada e impedir um socialista de tomar conta do ministério da justiça, e pode ser que o futuro seja bem melhor do que aqui há uns tempos pensei que ia ser. Sempre há esperança.