Da incerteza na política
Íamos ter um Guterres/Costa vs Marcelo/Durão. Afinal, ainda acabamos com um Nóvoa vs Rio. Quantos adivinhavam tal combinação há dois anos? Poucos, certamente.
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Íamos ter um Guterres/Costa vs Marcelo/Durão. Afinal, ainda acabamos com um Nóvoa vs Rio. Quantos adivinhavam tal combinação há dois anos? Poucos, certamente.
Tanta gente com inveja do sr. Blatter. O sr. Blatter fez muito pelo futebol mundial. O sr. Blatter tem direito à presunção de inocência. E o timing da justiça americana, em cima das eleições para a FIFA? Vergonha, vê-se logo qual é o objectivo. E o circo mediático? Inadmissível. Atribuir um Mundial ao Qatar é ridículo e, só por si, devia fazer soar todas as campanhias? Isso só dizem os que querem travar o progresso e a democratização do futebol. A FIFA enche os bolsos também à custa de países com povos na miséria onde organiza as suas competições? Nada disso, a FIFA até é uma organização sem fins lucrativos. E a luta que a FIFA está a fazer contra os fundos abutres? Porque aos fundos falta transparência e a FIFA é um foco de luminosidade. Deixem o sr. Blatter em paz. E o sr. Putin, presidente do país que vai organizar o próximo Mundial, é que tem razão.
Este senhor é o ministro da Segurança Social, mas para este senhor parece que só há um problema na Segurança Social se o PS também entender que o há. Este senhor não me quer dizer claramente se considera que há um problema de sustentabilidade da Segurança Social e muito menos revelar-me, existindo esse problema, a sua preferência para solucioná-lo: se alguns dos actuais pensionistas devem suportar a correcção do desequilibrio do sistema ou se todo o custo deve ser novamente atirado para cima das gerações mais novas. Este senhor, aproveitando a forma como a ministra das finanças colocou o problema, não é honesto. E é incompetente: porque foi ministro do sector durante todos estes anos e deixou a resolução de um problema grave para outro ministro no futuro (depreende-se pela sua posição pública que deve considerar que só um socialista está em condições de levar adiante a reforma do sistema). Enfim, no meio da forma pouco séria e obscura para onde se decide atirar o debate de um assunto tão importante quanto este - por exemplo, já reparam como não há números e estudos a suportar as posições dos nossos queridos governantes? -, pelo menos ganhamos em transparência numa coisa: esta posição ridícula deve-se, como é por demais evidente, ao CDS. Tem sido uma sina dos últimos quatro anos: foram muitas as vezes em que, no que à demagogia diz respeito, o CDS não se importou de andar de braço dado com o PS. Tudo em nome do santo eleitoralismo. E é em nome disso mesmo que questões importantes como esta não de devem discutir antes das eleições. «Falemos depois das legislativas».
«Temos de encontrar alternativas complementares às contribuições patronais do lado dos salários, através de um sistema que também leve em linha de conta os lucros das empresas [IRC social]». Portanto, não só o PS vai travar a descida do IRC como pretende subi-lo para ajudar a garantir a sustentabilidade da SS? Brilhante (eu sei que o carissimo socialista demagogo, ex-ministro socrático, acrescenta «sem pôr em causa o valor global da contribuição patronal», mas se não põe em causa esse valor, qual o objectivo da mudança, de que forma é que a medida se reveste de garante da sustentabilidade do que quer que seja?). Enfim, quanto ao resto, não adianta perder muito tempo com a demagogia socialista. É como a história do combate ao défice que não se resolve com austeridade, mas antes com crescimento. Claro que se o emprego disparar, os emigrantes regressarem e os salários aumentarem, a segurança social pode entrar numa rota de sustentabilidade. O problema é que uma evolução (super) positiva destas variáveis é coisa que nem o PS, nem qualquer outro partido, pode garantir. Mais: qualquer pessoa com bom senso não acredita nisso. Como a reforma da SS do próprio Vieira da Silva, uma reforma que já à altura afectou gravemente as perspectivas dos mais jovens, deixando sem penalização os mais velho, é exemplo evidente: todas as previsões assumidas na elaboração desse documento falharam redondamente (e já agora, perguntemo-nos: porquê que foi necessária tal reforma? Não bastava o crescimento do emprego e yada, yada, yada?). Esta lógica socialista do «não precisamos de tomar medidas impopulares porque o futuro é rosa e tudo o que hoje parece um problema pode ser resolvido sem dor» é a maior conversa da treta que conheço. E mete nojo, para quem percebe que muito do que o país passou nos últimos anos derivou dessa mesma conversa da treta que se pauta pela inacção e pelo adiar da resolução de problemas inadiáveis.
Depois de abandonar o país nas mãos da troika, arriscar ir fazer de Cadilhe/Vitor Bento do Montepio para de lá sair com o banco falido? De facto, mais vale recusar o convite. Quanto ao Montepio, esse, até por notícias como esta, contínua sólido. Cada vez mais sólido.
«O atual secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, foi um dos que manifestou publicamente as suas dúvidas. A inauguração tem sido sucessivamente adiada mas hoje Barreto Xavier concorda que o edifício não pode continuar fechado», sobretudo porque não iam deixar ser outro Governo a inaugurar o mamarracho. Um mamarracho cuja construção implicou uma pipa de massa, que tem o potencial de custar muito mais dinheiro no futuro, cuja construção foi impulsionada por essas duas figurinhas esbanjadoras que foram Santana e Sócrates, e que até António Costa numa fase inicial teve o bom censo de declarar desnecessário. Outro bom simbolo do que deu cabo do país (não, não foi o actual Governo).
Ministro da Defesa anuncia 6.088 promoções nas Forças Armadas
Vai acabar a lixar a malta que ainda não recebe pensão. Mas o discurso de Costa é o discurso certo para o eleitorado que não consegue largar a lógica do pensamento «dia-a-dia». Uma lógica limitada e tonta, ainda que compreensível numa sociedade onde parte da população vive amedrontada e sem grande esperança e perspectiva para o futuro. Mas responde o PS a essa falta de esperança? É o PS factor de confiança? Enfim, o PS quer dar certezas no curto-prazo, aumentando a incerteza e imprevisibilidade do futuro. Todo o discurso do PS está carregado desta carga imediatista, de resolução dos problemas do presente num abrir e fechar de olhos. Tivemos toda a primeira década do século XXI nesta lógica, tem corrido optimamente como se constata. No final da década de noventa do século passado, qual era o futuro risonho que o PS prometia para a primeira década do século XXI, lembram-se? E durante a governação socrática, durante a segunda metade da primeira década do século XXI, qual era o futuro risonho que o PS prometia para a segunda década do século XXI, lembram? E agora, na segunda metade da segunda década do século XXI, qual é o futuro risonho que o PS nos promete para a terceira década do século XXI? Aqui já não é uma questão de lembrança, é mais de confiança. Confiança de que o futuro risonho com que o PS acena nunca se irá concretizar, com todas as consequências que dai advirão para quem agora, no presente, não souber fazer as escolhas acertadas, desbaratando o futuro em nome do curto-prazo. Há aquele provérbio do «engana-me uma vez, a vergonha é tua; engana-me outra vez, a vergonha é minha». Como é que isto fica para quem se deixar enganar uma terceira vez?
Uma péssima decisão. Muito diferente, na sua lógica, da que levou - e bem - Teixeira dos Santos a nomear Carlos Costa em primeiro lugar (uma nomeação socialista que, à altura, contou desde logo com o apoio do PSD). E isto digo eu que, neste blogue, muitas vezes defendi Carlos Costa de algumas críticas injustas. Mas é inegável que existiram erros durante o mandato do actual governador que deviam levar a uma penalização. Não existindo, com a decisão agora anunciada, o actual Governo mostra-se solidário e deve ser co-responsabilizado por esses mesmos erros. Mas percebe-se o alcance da nomeação: a actual maioria sente-se melhor defendida politicamente com Carlos Costa no cargo. Quer agora - onde Governo e BdP estão completamente alinhados em relação ao que deve ser feito no caso BES/Novo Banco -, como quiçá no futuro, com o PS a governar e um governador hostil ao poder socialista para contrabalançar.
Em 2005, Campos e Cunha aceitou ser o rosto da credibilização das propostas económico-financeiras do PS. Antes das eleições, já se suspeitava que seria o ministro das finanças socialista e o reputado economista dava entrevistas por tudo quanto é lado. À pala disso, aceitou fingir que não sabia que o futuro governo ia ter de subir impostos e adoptou postura comedida na crítica às obras públicas. Não lhe serviu de grande coisa: é certo que acabou no Governo, mas não por muito tempo e foi ele que ficou com o ónus da subida do IVA que não tinha sido anunciada na campanha eleitoral. Às vezes, é bom recordar o passado para analisar o presente e perspectivar o futuro.