Árvore das patacas
Em Portugal gerou-se a convicção de que o Estado pagava e conseguiria pagar tudo. Nunca faltaria dinheiro ao Estado. Que o dinheiro que o Estado gasta venha dos impostos pagos pelos cidadãos e empresas do país era uma consideração menor, um facto passível de ser ignorado. Que durante anos e anos a fio os impostos cobrados não tenham sido suficientes para suprir os gastos do Estado, idem. Os portugueses convenceram-se que havia uma árvore das patacas a que o Estado podia jogar mão em caso de necessidade. Dessa fantasia nasceu a defesa irresponsável das obras públicas, dos investimentos estatais, do Estado que a todos acorre e que nunca deixaria de acorrer. Agora, essa fantasia morreu e os portugueses deixam-se abater pelo duro peso da realidade. Desiludidos, atiram parte da culpa pela situação que enfrentam para quem lhes anuncia com um realismo surpreendente o que ai vem e está por vir. O mau da fita é o que quer reformar o Estado, porque o Estado que tínhamos estava a funcionar tão bem, não era? E é vê-los, ao comediantes insatisfeitos, verdadeiros vendedores de ilusões e fantasias a preencherem tinta e mais tinta nos jornais com soluções para a crise que passam por gastar mais e mais dinheiro. Na mente desta gente a árvore das patacas existe, só falta indicarem-nos o caminho para darmos com ela. Mas deixem ver se adivinho: fica ali para os lados de Frankfurt e Berlim, não?