Não vai longe
Mas bem vistas as coisas, a decisão até teve um mérito: o de mostrar o poder descomunal dos lobbies nos partidos. Só esse poder era capaz de condicionar um 1º ministro desta maneira. Que vergonha. Nunca me quis iludir a propósito do desaparecimento dos boys com a eleição de Passos Coelho. Andava este a prometer que num Governo seu os boys despareceriam e escrevi neste mesmo espaço que essas coisas não se prometem, até por incapacidade para as cumprir. Mas vir para a praça pública afirmar que as nomeações nas Águas de Portugal «deixam o Governo confortável», como dizia Lobo Xavier ontem na Quadratura do Círculo, é uma coisa que custa a compreender. Quem fica numa posição desconfortável é o cidadão comum que observa tudo isto de fora e que, por mais simpatia que tenha para com o actual Governo, não pode deixar de achar que isto fede por todos os lados. Note-se, novamente, que nas AdP lá temos a nomeaçãozinha para um tipo competentíssimo, não tenho dúvidas, do CDS-PP. E da situação do autarca social-democrata Manuel Frexes nem há palavras para descrever o que penso e sinto. Queixa-se o primeiro-ministro que passou uma semana «a levar muita pancada na comunicação social». Pois, com lamento o digo, só se pode queixar dele próprio. E se não o quiser perceber, ou não corrigir o tiro rapidamente, não irá longe.