Deus nos acuda
Não há nada como a sátira, mesmo que involuntária e sem grande brilhantismo, para tornar evidente o rídiculo de certas ideias. Rodrigo Moita de Deus, no 31 da Armada, esforça-se por demonstrar isso mesmo. Ainda a propósito do projecto de lei 118/XII, a ex-ministra Canavilhas acredita, ou quer-nos pôr a acreditar, que «não são os cidadãos portugueses que devem pagar esta taxa. Esta não se devia notar no preço final do produto». Como é que alguém garante que o fabricante não irá repercutir a nova taxa sobre o seu cliente? Não garante e é mais do que provável que tal viesse a suceder. Mas reparem noutro pormenor delicioso, fosse mesmo essa a ideia, a de pôr os fabricantes a suportar a taxa e não o consumidor final - ideia absurda, mas ainda assim levemos a mesma em consideração -, permitam-me questionar: afinal, a que se destina esta lei? É que não consta que sejam os fabricantes quem irá realizar as cópias pelas quais o legislador diz ter intenção de compensar os autores. É preciso arranjar dinheiro para os autores nem que seja à força, é isso? Então, sejam descarados e usem os muitos impostos que já nos cobram actualmente, procedendo à sua redistribuição como muito bem entenderem, e não nos lixem mais a vida, ok?