Le Pen à portuguesa
A este tipo de declarações também se pode chamar uma coisa muito feia. Francisco Louçã, na tentativa desesperada de marcar a agenda política a cada debate parlamentar, recorda-me o porquê de merecer estar na lista de personagens políticos mais detestáveis deste país.
Adenda: O primeiro-ministro disse ainda que «durante anos evitou-se a reprivatização para que isso não contasse para o défice», e isso «custou muito dinheiro aos portugueses». Claro: evitou-se a reprivatização porque esta obrigava a um reconhecimento imediato do dinheiro que tinha de ser enterrado com a nacionalização do BPN. «Custou oito mil milhões», diz Louçã. Muitos mil milhões terá custado, mas esse não foi o preço de um activo valioso, foi o preço de um buraco quase sem fundo que o Estado, bem ou mal, decidiu assumir como seu. Até podia ter sido o BE a ganhar as eleições em 2011 que o valor da factura não mudava. Aliás, quer pela sanha que o BE tem às privatizações, quer pela ideia de que as dívidas assumidas pelo Estado não são para pagar, tenho a certeza que acabaria por sair mais cara.