Por igual
Não faz sentido numa crise deste género tentar que toda a sociedade pague a crise por igual. E não faz sentido desde logo porque a crise resulta, também, de relações de força que existiam na sociedade portuguesa que beneficiaram certos sectores em relação a outros. Como a saída da crise terá de passar por uma alteração dessas relações de força, não é possível pensar que todos os membros da sociedade devem ser afectados por igual. O querer pôr todos a pagar por igual é, de certa forma, uma tentativa de não alterar essa relação de forças. Ou seja, de manter tudo na mesma. Não tarda, alguém explicará que o Governo deve garantir que os sacrifícios dos trabalhadores e empresários da construção civil sejam proporcionais aos dos seus pares das empresas exportadoras. E quem fala da construção civil, fala da função pública.