Correlação e causalidade
A política e o desporto sempre andaram de mãos juntas, Ayrton Senna e Armando Maradona, para citar dois nomes, foram dos mais injustiçados pela intromissão de interesses políticos no reconhecimento do mérito desportivo. Dito isto, permitam-me: Josep Guardiola, Luis Aragonés, Vicente del Bosque, Tito Vilanova; ou a Espanha e o Barcelona têm uma sorte do caraças com os treinadores que escolhem, que são sempre os melhores do mundo e conseguem pôr as suas equipas a ganhar tudo, ou então aquele meio campo do Barcelona é que é inigualável e capaz de praticar, a larga distância, o melhor futebol que o mundo alguma vez viu. Tenho para mim que no que à Espanha e ao Barcelona diz respeito, os jogadores é que ganham os títulos, não os treinadores. Por outro lado, Messi talvez seja melhor do que Ronaldo, mas quando alguns, com um sorrisinho nos lábios, dizem que Ronaldo teve a infelicidade de calhar na mesma época de Messi, só contam metade da história: Ronaldo teve o azar de calhar na mesma época de Messi e do meio campo do Barcelona. Messi, sem o meio campo do Barcelona, não seria muito mais brilhante do que aquilo que é na Argentina, onde ainda não ganhou nada. Já Ronaldo, tal como Mourinho, deu provas da sua excelência em mais do que um clube. E ambos, na época passada, é certo que com o contributo de outros, mas nenhum outro com tanto peso quanto eles, conseguiram derrotar Messi e o meio campo do Barcelona na maratona que é o campeonato espanhol (e Ronaldo só não os derrotou igualmente no campeonato da Europa porque a sorte não sorriu a Portugal na lotaria dos pénaltis). Dado isto, os dois portugueses podem não ter sido os melhores do mundo para quem votou no prémio atribuido pela FIFA, mas foram-no para mim.