Ainda a Wikileaks
E a propósito do que aqui escreve André A.Correia, o meu comentário:
1. A Wikileaks pode não tornar o mundo mais seguro, mas não o tornará mais livre e transparente? A título de exemplo, e para contrastar com a notícia citada, que comentário merece esta notícia: A empresa de processamento de pagamentos PayPal admitiu que cortou o serviço à organização WikiLeaks depois de uma intervenção do Departamento de Estado norte-americano.
2. Entre a notícia a que André Correia faz referência e aquela a que faço referência há claramente a identificação de uma luta desigual, com vantagem para o Estado norte-americano (que nos pós-11 de Setembro reforçou os seus poderes e favoreceu a segurança em relação à liberdade). Contudo, parece-me, no mínimo, tão errado que um grupo de adolescentes repletos de borbulhas (que actuam em solidariedade para com e não necessariamente a soldo da Wikileaks) tentem afectar os serviços da Amazon, como que o Estado norte-americano tenha o poder de influenciar os clientes com quem a PayPal estabelece relações comerciais. Sobretudo quando, que eu saiba, no que ainda é um Estado de Direito, os EUA, não há qualquer decisão judicial contra a Wikileaks (ou há?).
3. Se a Wikileaks, por tornar o cidadão mais atento e desconfiado para com alguns serviços obscuros do governo, evitar que uma guerra como a do Iraque, que foi justificada com base num pretexto falso fornecido pelos serviços de espionagem ocidentais, volte a realizar-se, temos muito a ganhar.
4. A Wikileaks deixou outra coisa a descoberto: a paranóia e ignorância de certos sectores da direita norte-americana, o que a mim entristece-me porque tendo a favorecer a direita norte-americana em relação à esquerda, mas quando vejo gente que se perfila para o ticket republicano à casa branca a defender que Assange deve ser condenado por traição (o homem é australiano, for God sake) ou deve ser morto, tenho pena. E tenho pena porque vejo nisso um apelo ao instinto mais básico do eleitor norte-americano e deixa a sensação no ar da degradação de uma sociedade, muito por culpa do neoconservadorismo instituído por Bush, que sempre admirei.