Fracos, inúteis e nulos
É óbvio, só um tolo não repara, que a Europa «está a trilhar caminhos perigosos» e «a brincar com o fogo». Da mesma forma que é óbvio que «caminhos perigosos» e «brincar com o fogo» é o que se pode dizer dos políticos medíocres e sem visão que nos atiraram de braços abertos para um processo de integração europeu acelerado e precipitado. O processo não podia parar, os eurocépticos eram gente a quem não se devia prestar muita atenção e ainda hoje esses mesmos políticos, onde se inclui o dr. Cavaco e o dr. Seguro, não só não percebem que o processo foi demasiado acelerado e precipitado, como têm a esperança de que para resolver o actual imbróglio o processo possa ser ainda mais acelerado. Não aprenderam nada com a loucura da última década, onde a UE deu passos maiores que a perna. Basta recordar como os alargamentos sucederam-se na UE e na zona Euro - recorde-se que o Chipre adoptou o Euro em 2008 e, cumulo do ridículo, chegou-se mesmo a discutir a entrada da Turquia na UE. As intenções eram boas, mas, infelizmente, diz-nos a história que os projectos utópicos acabam sempre por correr mal. Termino citando Tolstoi em Guerra e Paz (um livro que, intercalado com outras leituras, acompanha-me há cinco meses): «Enquanto o mar da história está sereno, é lógico que o governante - piloto que na sua ligeira embarcação manobra o leme do navio de grande calado que é o Estado julgue ser ele quem o faz mover. Mas assim que se levanta uma tempestade, logo que o mar se encapela e o navio é levado pela corrente, então a ilusão acaba. O navio prossegue na sua rota, independente e majestoso, e o leme do piloto já para nada serve. Esse homem, momentos antes todo-poderoso, centro de todas as energias, não passa então de um ser fraco, inútil e nulo.» Fracos, inúteis e nulos é tudo o que se pode dizer de todo e qualquer governante português nos tempos que correm.