Islândia não aguentou Governo de esquerda
«People seem to have a very short memory». A Islândia, um caso de sucesso, o modelo a seguir na recuperação da crise financeira que abalou o mundo. Foi assim que a história desta nos foi vendida nos últimos anos e em parte é verdade. Mas, assim sendo, a que se deve esta derrota estrondosa da Aliança Social Democrata que a tem governado? Pois bem, o problema da história que se conta sobre a Islândia é a parte que fica por contar. Ainda que sem Euro e com moeda própria, também houve austeridade com o patrocínio do FMI. Muita. E os efeitos da crise financeira ainda se fazem sentir. Muito. Não há receitas milagrosas, mas por muito que isso seja explicado ao eleitorado, quando este começa a sofrer na pele os efeitos das políticas que têm de ser seguidas, revolta-se e começa a busca por uma alternativa. E mesmo que a "alternativa" venha daqueles que num passado bem recente foram duramente penalizados pela responsabilidade inegável que tiveram na crise que abalou a ilha, aderem a ela. Depois, existem outros factores em jogo: não só os islandeses não têm Euro, como mantêm-se muito eurocépticos, pelo que procuram refúgio nos velhos partidos de centro-direita que habitualmente os têm governado e que melhor representam aquilo em que acreditam, numa promessa de não casamento entre a Islândia e a UE. Com tudo isto, quem agora regressa ao poder limitou-se a fazer o papel que por cá cabe ao PS: «We've seen what cutbacks have done for our healthcare system and social benefits... now it's time to make new investments, create jobs and start growth». E é preciso aliviar o fardo da dívida que pesa sobre as familías islandesas, acrescentam. Mais havia a dizer, mas mais não digo, até porque o meu conhecimento sobre a situação da Islândia não vai muito além disto. Confesso, contudo, que estou em pulgas para ouvir a opinião do especialista Daniel Oliveira.