O quê que o PS devia estar a fazer...
... na certeza de que vai assumir a liderança do próximo Governo? Devia estar a aproveitar o tempo que lhe resta até às próximas eleições para preparar atempadamente um programa realista que lhe permitisse dar um rumo ao país. O quê que a maior parte dos socialistas está a fazer? A pensar que as eleições eram para ontem. Mais concretamente, o quê que isto produziu de relevante até agora? Nada. O quê que de relevante produzirá daqui para a frente? Nada. Excepto um conjunto de ideias vagas atiradas para o ar, sem fundamentação técnica que lhes dê substância, enfim, conversa política da treta. Porquê que digo isto? Porque se a maior parte da gente do PS achasse que o pensamento profundo os levaria a algum lado e a produção de ideias sólidas para o país fossem necessárias na caminhada para o poder, neste momento só podiam respirar de alívio por ainda lhes restarem uns largos meses para fazerem aquilo que já tiveram tempo para fazer e ainda não fizeram. Mas dentro do PS não existe sentido de urgência nesta busca a que faço referência, o único sentido de urgência que existe é o da necessidade de alcançar o poder. Os partidos - por exemplo, o PSD de Passos, de Mendes, da Manela, de Menezes, em nada diferiram na forma como orientaram o seu combate político do actual PS - são meras máquinas de conquista e manutenção do poder e mostram-se incapazes, porque não querem ou não podem - nomeadamente por falta de dinheiro para gastar nesse departamento -, de pensar o país para além do interesse imediatista. Alguns acharão que o medíocre Sampaio resumiu tudo o que aqui digo com a ideia de que a alternativa ao actual Governo precisa de «encorpar», mas esse mesmo Sampaio achou em tempos que o PS, só porque trocou de líder, «encorpou», o que diz tudo o que é preciso saber sobre a visão redutora do sujeito em relação ao «encorpamento». Já outro ex-presidente, Soares, em jeito de lamento, referiu que Seguro, apesar de sério, é «demasiado hesitante». Pois tenho para mim que se é sério, é normal que esteja hesitante. Sabe perfeitamente que, nesta fase do campeonato, não está minimamente preparado para governar. Temo que nunca o venha a estar. E ainda assim, muito provavelmente, será primeiro-ministro. Não será o primeiro a quem isso acontece, nem, infelizmente, o último.