Calimero e falta de vergonha na cara
A forma algo politiqueira como o Governo geriu o dossier das swaps tinha tudo para se virar contra o próprio Governo. E virou. Só que o fundo da questão mantém-se, embora esta poucos discutam. Nunca interessou discutir. Este senhor, que pulou do governo para a Ongoing e agora aufere uma bela remuneração na Galp, até virou vitima, coitadinho, pois diz-se alvo de «graves e inaceitáveis» acusações reveladoras de «uma atitude que em vez de discutir ideias, valores e projectos, pretende fazer ataques de carácter, difamatórios e atentatórios do bom nome e da honra cujo respeito todas as pessoas merecem». Acrescente-se que o senhor em questão acusa o actual Executivo de ter demorado muito tempo para se decidir sobre swaps e o homem até tinha uma solução muito melhor que a do actual Governo. A isto, meus caros, chama-se uma grandessíssima lata. Mas este recurso à mistura de calimero e falta de vergonha na cara sei bem com quem aprendeu: com o sujeito que hoje comenta a destruição do país que ele próprio arrasou. Os pobres coitados dos contribuintes tiveram um azar dos diabos: pelo que se lê e ouve, em 2011, anos após alguns dos contratos swap mais especulativos terem sido celebrados - vejam bem que há um que vem do tempo do governo de Durão Barroso - a dulpa Costa Pina/Teixeira dos Santos, aparentemente, estava prontinha para nos resolver o problema criado bem debaixo das suas barbas e que, até então, nunca tinha revelado grande vontade de resolver (se é que não os incentivaram, como suspeito). Mas sabem, é um pouco assim em tudo: as parcerias público-privadas foi no tempo do Álvaro que apareceram que nem cogumelos; as rendas garantidas no sector energético foi no tempo do Álvaro que foram concedidas como se não houvesse amanhã; havia uma muito melhor solução para a reprivatização do BPN que a adoptada pela Maria Luís e até já duvido se não foi Vítor Gaspar a nacionalizar o banco; enfim, o défice, público e externo, e a dívida, pública e externa, foi um problema criado por Gaspar; e há até quem garanta que os juros da dívida pública não tinham passado dos 7% antes do chumbo do PEC4. Estávamos tão bem com o anterior governo.