Garantes da estabilidade
Este em primeiro. Seguro em segundo. À frente de Passos e Portas. A forma que o líder do PS encontrou para ir mantendo este governo à tona esteve bem presente, por exemplo, no seu discurso de vitória na noite eleitoral de domingo, ao fazer aquilo aparentar-se a um funeral. A verdade é que nas autárquicas, Seguro obteve o que mais queria: a garantia de que aguentará como líder até às próximas legislativas, ainda para mais sabendo que pelo meio apanha com umas europeias onde o PS ganhará e o PSD sofrerá outra hecatombe. Quem alimenta a esperança de que Costa avance para a liderança do PS, não faz outra coisa que não alimentar uma ilusão. E são os socráticos quem mais quer acreditar nessa ilusão: com Costa nas presidenciais e Seguro nas legislativas, Sócrates fica a ver navios e terá uns largos anos de travessia no deserto pela frente não se sabe muito bem a fazer o quê. Já Cavaco vai mandando recados de que a existir segundo resgate a culpa será de uma crise política, deixando claro que só por responsabilidade do PSD e do CDS, mais propriamente dos seus líderes, é que existirá novo resgate e que por ele este governo aguenta pelo menos até à definição do programa cautelar, diferente do segundo resgate sobretudo nos termos das condições que seremos forçados a nos sujeitar. Depois do programa cautelar negociado, assinado e em aplicação - e veremos o quanto o PS é envolvido nessa negociação - todos os intervenientes ganharão outra margem de manobra. Ainda assim, a minha aposta é a de que o Governo aguenta até ao final da legislatura, o que também significa que estou convicto de que a manchete do Público de sábado é tão certeira quando aquela do Expresso que nos garantia que o FMI já não vinha. O tempo em que deviam ter sido convocadas eleições antecipadas já passou. Dito isto, há mais de um ano que não falta gente a anunciar a todo o mês a queda do Governo sem que este caia. Também essa gente sofre do problema do Pedro e do lobo, já não dá para levá-los a sério.