We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Durante a campanha, nas redes sociais, entre boa parte da malta que mais apoia este PS costista - note-se que alguns eram, alegadamente, apoiantes do Livre, o que diz alguma coisa sobre a falta de representatividade das redes sociais -, corria a opinião de que quem votava na PàF era estúpido (e iam mesmo ao ponto de dizer que quem à esquerda não votasse PS também o era, porque estaria a contribuir efectivamente para a vitória da direita). Agora, neste pós-legislativas, dedicam-se a triturar, de forma particularmente virulenta, quem sendo dirigente ou eleitor do PS opõe-se ao sonho da santíssima trindade PS+BE+PCP. Quem se opõe à nova troika ou é tonto ou socialista disfarçado. Sinto nisto, efectivamente, uma ligeira aproximação deste PS, infectado pelo vírus do radicalismo e da arrogância, à prática do BE e do PCP. Tempos verdadeiramente interessantes estes. E que têm tudo para gerar divertimento futuro (ou preocupação acrescida, relativamente ao futuro do país). O que não é de admirar: o PS que saiu com derrota humilhante das eleições legislativas, só ficou, no imediato, com más opções a tomar. Não havia saída limpa da situação em que se meteu, como dá agora para confirmar.
Este teve papel importante no apoio a Costa e derrube do Seguro (não gosto dele, mas reconheça-se que foi dos primeiros de entre os apoiantes de Costa a perceber a deriva perigosa em que o partido entrou logo quando começou a fabricar a candidatura presidencial de Nóvoa). Aliás, aquilo no PS vai uma animação. Ou como a esquerda que ainda não recuperou do resultado eleitoral gosta agora de dizer, muito animada que anda com o sonho de uma coligação unitária de esquerda: mais um dia de desespero para a malta do PSD/CDS.
Este homem, desesperado e encostado às cordas, porque depois de perder clamorosamente nas legislativas a solução que gerou nas presidenciais também está prestes a ser arrasada - recorde-se que Nóvoa também vinha para fazer a ponte entre o PS e o BE/PCP e é ver os níveis de votação que tem nas sondagens -, seria capaz de, com o PS fragilizado por uma votação baixa, atirar o país para os braços do PCP e do BE só para tentar sobreviver politicamente? Ele e a facção dos jovens turcos que o apoiam estão assim tão agarrados ao poder? Não acredito que fossem tão longe. E a direita não devia dar demasiada atenção a um tal bluff e devia mesmo agir no sentido de desmascará-lo. O que quero dizer é: o PSD e o CDS não deviam reagir no sentido de quererem dar mais ao PS do que ele merece só porque este anda a jogar um jogo perigoso, antes pelo contrário, se o líder socialista decidiu dar uma de Varoufakis, é forçar ainda mais a barra a ver onde tal jogo vai parar. Costa perdeu as eleições e é preciso lembrar-lhe isso. Costa está fragilizado e há que não lhe dar mais importância do que merece. E se não for bluff, siga para bingo, tal opção, se viabilizada pela extrema-esquerda, terá o condão de clarificar para todo o eleitorado aquilo com que pode contar deste PS. E o eleitorado moderado irá cobrar isso ao PS no curto-prazo. Costa, como solução de último recurso, pode querer ser o nosso Tsipras, mas Portugal não é a Grécia e por cá um qualquer Tsipras acabará relegado para a página da História que merece: uma página negra e triste, a recordar só para não repetir.
Um dos argumentos mais extraordinários para justificar a permanência de António Costa na liderança do PS depois do desaire ocorrido é a de que não há ninguém no partido em condições e com capacidade para substituir o actual líder. Quando é que o PS deixou-se cair nesta pasmaceira em que, como se já não bastasse não ter candidatos fortes e credíveis para apoiar nas presidenciais, alguns sugerem não existir ninguém com qualidade suficiente para subsituir um candidato que liderou o partido rumo a uma derrota estrondosa e que ocupou a liderança da forma como o fez? O partido vai ficar quieto? Permitir ao falhado Costa continuar a liderá-lo? Enfim, por um lado, talvez agora comece-se a compreender melhor uma das coisas que atormentou Costa durante toda a campanha: a solidão. Há um deserto de figuras credíveis moderadas dispostas a ir à luta pelo partido e uma mão cheia de jovens turcos a pretenderem tomar conta do partido, ainda que nenhum com força e credibilidade suficiente para assumir a liderança efectiva. Por outro lado, também se percebe que temos um Costa, produto das jotas (aderiu com 14 anos à JS e tem todo um percurso ligado à política e ao partido, ainda que extraordinariamente nunca se tenha associado ao ex-edil lisboeta o mesmo rótulo que se associa a um Seguro ou a um Passos), agarrado ao poder que nem uma lapa, controlando o aparelho e contando com este para evitar ataques à sua frágil liderança (a ironia, depois de tudo o que dizeram do Tozé). Mas este desespero de Costa que leva-o a não pretender abandonar o palco, ainda que, por um qualquer milagre, consiga mesmo evitar que o tirem de lá, acabará por resultar em prejuízo do PS. Costa, por maioria de razão, nunca conseguirá ser figura para unir e pacificar o PS. Não o foi antes, muito menos o será agora. Costa não está em condições de ser agora o que Passos Coelho foi em 2009 no PSD, porque é antes disso a Manuela Ferreira Leite da mesma altura. Se no PS andam tão alucinados que não percebem isso e vão apostar na lógica do manter actual líder com base no argumento «depois de ti mais nada; nem sol nem madrugada; sem ti não há amor; a vida não tem cor», a coisa só pode correr-lhes mal. A coligação sorri.
António Costa tem uma derrota estrondosa, correu com Seguro porque não bastava «vitórias por poucochinho» e agora quer ficar como líder do partido? Nunca mais me falem do «irrevogável» do Portas.
José Miguel Júdice, na tv, ensaia o discurso da "elite" bem pensante que apostou todas as fichas no bom do Costa, um homem da sua confiança, e fez tudo por tudo para correr com Seguro e Passos: Costa devia governar, mesmo que perdendo as eleições, com o seu executivo a ser viabilizado pelos partidos à direita que constituem a PàF, ainda que esta última vença as eleições. É a quadratura do círculo: o perdedor governa com o suporte do vencedor. Há uma "elite" que continua a pensar que a vontade do povo serve para eles fazerem o que bem entenderem. É também para ver esta gente lixada da vida que no dia 4 vou-me divertir à brava com uma eventual vitória da PàF.
Em que Passos e Seguro não prestavam e Rio e Costa é que eram bons. Mas Costa, o bom, prepara-se para levar banhada e sair humilhado do confronto com Passos, o mau. Ainda assim, alguns simpatizantes socialistas continuam a dizer que se Costa arrisca ter um mau resultado eleitoral, com Seguro ainda seria pior. Mais: Costa agora até pode perder, por que motivo não pode continuar a liderar o partido? Lembram-se de algum? Eu também não. Acreditaram no mito, agora agarram-se a ele com todas as forças que têm. No dia 4 tudo isso ameaça ruir.
... apesar de tudo, o cenário instável referido no post anterior seria mais fácil de resolver em caso de vitória minoritária do PS. Uma certa elite e a classe jornalística tinha tudo preparado e estudado: correr com o irresponsável Passos Coelho, elevar o responsável Rui Rio à liderança do PSD, que seria promovido pelos mesmos que promoveram António Costa para a liderança do PS, e estava encontrado o vice-primeiro ministro do governo de bloco central. Como as coisas não estão a correr como pensavam, ai de quem imaginar encontrar um qualquer Rio do PS para fazer a mesma coisa em sentido contrário. Isso é que já não se admite. Inconcebível, gritam os chico-espertos.