«O conciliador»: o Seguro que o diga
Até a malta da acção socialista ia pensar duas vezes antes de fazer uma capa destas:
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Até a malta da acção socialista ia pensar duas vezes antes de fazer uma capa destas:
Octávio Ribeiro, director do Correio da Manhã, no P&C - num programa que, se dependesse do Galamba, tinha levado à demissão do director de informação da estação (fica o aviso para o futuro: é preciso ter cuidado com esta gente) -, iniciou o debate a malhar em Sousa Tavares (recordando-o que é apenas mais outro digno representante da "elite" onde todos dormem na cama uns com os outros) e acabou deixando novamente o agora opinador, que preza muito o seu passado de jornalista de investigação, acabrunhado por não ter uma única investigação incómoda para o poder nacional para exibir. O Correio da Manhã tem muitos defeitos, mas ao ter sido o único a noticiar a vida de luxo de Sócrates, tendo inclusive obrigado este a mentir despuradamente sobre o sítio de onde provinha o dinheiro para tal vida (o famoso empréstimo da CGD, lembram-se?), deu uma banhada a toda a restante imprensa. Mais: essas notícias não partiram de nenhuma fuga de informação da justiça, tendo sido antes trabalho de investigação puro do jornal. O CM teve a lucidez para ir atrás de uma história com muito sumo. Os outros preferiram tapar os olhos e aceitaram a mentira socrática. Se o CM erra muitas vezes e não é confiavel, à luz destes factos, os outros são mais confiáveis porquê, se ignoraram o que tinham debaixo do nariz? Talvez seja mais correcto assumir que ficamos tão melhor servidos quanto mais plural e diversa for a nossa imprensa. Sobretudo por isso, ainda bem que o Correio da Manhã, jornal que raramente leio, existe.
Saudades do tempo em que a Manuela Moura Guedes, a um mês das eleições, num canal privado, com spots publicitários a anunciar o regresso do seu Jornal Nacional, era afastada do pequeno ecrã. De resto, insisto, as declarações de Rangel devem ser o primeiro tiro no pé em que os supostos beneficiados com o mesmo ficam irritados por ser-lhe dado tempo de antena. Ou, se calhar, não terá sido bem um tiro no pé? Até porque para tiro no pé a substância e o sentido das declarações foi várias vezes deturpado por quem as criticou.
Há poucos dias, explicavam-me que Passos não dar uma entrevista à RTP era não só um facto inédito, como uma pouca vergonha. Agora, que a entrevista está marcada, há quem me explique que é a RTP a contribuir para a propaganda da coligação. Há poucos dias, explicavam-me que Rangel fez umas declarações sobre a justiça e Sócrates que foram autêntico tiro no pé da coligação. Agora, que a RTP vai fazer um programa (P&C) onde esse tema será abordado, explicam-me que é mais propaganda a favor da coligação. Por favor, decidam-se. Ou então vão lá tratar da esquizofrenia.
Costa irrita-se com jornalista da RTP. Foi a única tirada de Passos que correu bem no debate: quando Costa negando ter uma filosofia política igual à de Sócrates, levou o primeiro-ministro a atirar com a frase «não é muito diferente». E na arrogância com que trata os jornalistas que não lhe dão o que ele quer, não é mesmo muito diferente. Na forma como ganhou o debate, se pensarem bem nisso, também não. Terá tido, aliás, a mesma malta que preparava os soundbites ao outro a preparar os seus. Mas se Sócrates também ganhava os debates todos, depois foi o que se viu.
Passam a vida a dizer que o governo manipula os números, mas depois cometem erros de palmatória como este. Mas a comunicação social também tem a sua responsabilidade: não raras vezes apanho títulos que têm tanto de sugestivo quanto de enganador, tendo apenas por base a balança de bens.
Quando comecei a ver o debate já a coisa ia adiantada, mas os vinte minutos que vi deram para perceber que o debate entre Portas e Ana Lourenço, para quem o líder centrista falava longamente olhos nos olhos, estava animado. Do outro lado, Catarina, com ar jovial, passou boa parte do tempo com um sorriso no rosto, enquanto a moderadora achava-se na obrigação de interromper Portas para fazer o contraditório. No fim, para a jornalista do Expresso, Portas venceu Catarina (não consigo, nem me interessa, fazer essa avaliação), mas aquilo que realmente gostava de saber era: então e entre Portas e Ana Lourenço, quem ganhou o debate?
Até porque quem não aprende com a História está condenado a repeti-la: We need to talk about Sócrates
Quando o assunto toca em Ferreira Leite, Pedro Adão e Silva vira rapidamente «ex-dirigente do PS» (um exemplo mais antigo aqui e outro, fresquinho, aqui). Uma pena que noutros contextos, este «spin doctor» socialista muito activo, raramente seja apresentado assim.