We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
A melhor solução governativa para o pais no seguimento dos resultados eleitorais era o bloco central (e Cavaco faz bem em começar por pedir a Passos que procure isso ou coisa parecida). Mas não acredito que este venha a ocorrer. Até porque deixar a oposição em exlusividade para o BE e o PCP poderia resultar num problema grave no final da legislatura. O PS neste momento é o partido mais entalado com os resultados eleitorais, mas espero que tenha a arte e o engenho para gerir a coisa com mestria. A mestria que não revelou durante a campanha. E se for para meter a pata na poça que o faça garantindo a curto-prazo novo governo de direita com maioria absoluta na Assembleia da República.
Isto sem maioria absoluta vai ser outra coisa. Como se verá prontamente no orçamento para 2016. Mas há três semanas poucos imaginavam acordar na segunda-feira com Passos Coelho como primeiro-ministro e Paulo Portas como vice-primeiro-ministro. Mas é assim que o país acordará, depois de quatro anos marcados pela austeridade. É obra.
Em 2013, tivesse o Presidente da República deitado o executivo abaixo e, naquele contexto, dificilmente a coligação conseguiria obter um resultado eleitoral semelhante ao que vai obter agora no final da legislatura, tendo cumprido e explorado todo o ciclo eleitoral. Na verdade, isto mete em perspectiva a decisão de Jorge Sampaio quando fez cair o governo de Santana Lopes da forma que se conhece. Acto original e vergonhoso, responsável máximo pela única maioria absoluta do Partido Socialista em Portugal. Uma maioria absoluta com as consequências trágicas que se conhecem. Em 2013, valeu à direita Cavaco, porque com um qualquer Sampaio a mesma história ter-se-ia repetido. Aliás, o candidato Nóvoa disse preto no branco qual seria a sua posição.
O desprezo por todos menos pelos milionários, conta a narrativa ficcionada e desesperada do PS. Porque diz a lenda, a esquerda defende os pobres, a direita os ricos. Por isso é que nunca como hoje os bancos tiveram taxas efectivas de imposto tão elevadas. Por isso é que o império da família de Salgado, um grande amigo do PS socrático, ruiu. O «dono disto tudo» sentiu o desprezo do governo e tem o PS a lata de vir com este discurso? Mas há mais: por isso é que os grupos de interesses que se alimentavam da e na PT ruíram. Por isso é que as construtoras, onde se construíam milionários como Carlos Santos Silva, o amigo do outro, ou rebentaram ou tiveram de ir procurar negócio fora do país (mas, não se preocupem, Costa quer pôr novamente a construção a mexer com o dinheiro que descontamos para a segurança social). Só nisto ruiu boa parte do conjunto nefasto de interesses que ajudava a bloquear o país e alimentava o PS, alegado partido amigo dos pobrezinhos que defende os mais fracos (mas que depois atira um país para a bancarrota e não pede desculpas aos que diz defender pelas consequências das asneiras que fez). Porque sou do tempo em que se gastava muito dinheiro para conseguir pôr o milionário Figo a apoiar Sócrates, para depois Perestrello, um dos actuais homens fortes de Costa, sendo informado da história limitar-se a perguntar: «e isso vale muitos votos! Essa merda dá muitos subsídios de desemprego». Belos tempos em que se desprezavam os milionários e se defendiam os restantes. Enfim, só na falta de actuação do governo quer no GES, quer na PT, foram vários milionários que ficaram muito mais pobres. Só nisto desapareceram boa parte dos que antes eram fortes neste nosso pequeno Portugal e que estavam habituados a que o poder político lhes fosse beijar a mão. E deve também ser por isso que na campanha eleitoral quem mais se manifesta na rua contra o Governo são os pobrezinhos e fracos dos lesados do GES, que de tão pobrezinhos que não eram, mas agora são, conseguem correr o país em autocarros em acções de campanha organizada, porque querem recuperar, nas palavras dos próprios, os muito milhões que perderam (milionários virá de milhões?). Mas o Governo, tonto, antes preferiu o incómodo nas acções de campanha do que forçar nos bastidores uma solução que calasse esta gente. Porque, sim, este governo não enfrentou todos os interesses em Portugal: a EDP de Mexia e Catroga, por exemplo, foi relativamente poupada, mas até ai quem é que mais defendeu estas empresas milionárias e de milionários se não o governo PS com as rendas que gerou no sector eléctrico (o Manuel Pinho, esse pequeno milionário, que o diga)? Porque os anos da troika não foram perfeitos e muito ficou por fazer, mas nunca como nesta legislatura se tocaram em tantos interesses, tanta gente forte deixou de o ser e tantos milionários sentiram-se à rasca e sem protecção do poder político. É olhar para aquilo que se pode considerar a estrutura do poder económico do país. Os ramos de poder alargaram-se, estando mais dispersos, mais frágeis e sendo de nacionalidades mais variada. O país mudou, também neste aspecto. Julgo que para desgosto do PS, porque alguns dos seus amigos sofreram muito com a mudança.
Percebi bem: um governo de um PS derrotado pela coligação a governar em minoria, com aproximações pontuais à esquerda e à direita, «vai ser o tema da última semana de campanha», segundo o comentador independente Adão e Silva? O desespero não dá para mais. Na verdade, o grande tema de final da campanha arrisca ser outro, um muito mais complicado para os socialistas (dai que estejam a tentar encontrar uma contra-narrativa): aparentemente, a avaliar pelas sondagens e por incrível que pareça, o cenário mais provável de se verificar que garanta uma governação estável para os próximos anos é um que resulte de uma maioria absoluta da coligação. Há uns dias isto parecia impossível, hoje parece apenas difícil. Mas o eleitorado pode morder esse isco: porque como se já não bastasse o PCP tornar quase impossível a existência de uma solução governativa maioritária de esquerda, temos o PS, em desespero, a sinalizar que não só não aceita o bloco central como, se perder, humilhado e ofendido com a opção dos eleitores, pretenderá atirar o país para o pântano. Cabe ao eleitorado não deixar o país cair nesse pântano.
Uma postura muito costista, sob o lema: «a devolução da sobretaxa não é uma promessa, é uma estimativa». Mais sabem eles a forma como o eleitorado percepciona estas cenas.
A coligação passou a pré-campanha e entra na campanha a jogar forte e ao ataque. Previsível, depois da asneira que disse António Costa. Diga-se que, apesar das sondagens, continuo a achar muito difícil que Costa acabe derrotado no dia 4 de Outubro, mas não é por causa da capacidade enquanto político em campanha que anda a evidenciar. Digo mais: se sair derrotado, estaremos perante o político mais inábil que tive a oportunidade de conhecer. E, afinal, recordem-me lá o quê que esta malta que pôs Costa no poleiro costumava dizer do Seguro? Era o seguro do Governo, certo?
Enquanto Passos fala pouco e resguarda-se, Costa sente-se na obrigação de falar em excesso e expor-se. E o pior para o PS é que, depois de uns golpes de teatro para colocar o partido a marcar a agenda, no fim, de substantivo, não ficou nenhuma ideia com forte impacto que permita demarcação significativa em relação à acção do actual executivo. É com naturalidade, portanto, que nos últimos dias o líder socialista acabou por desdobrar-se em declarações sobre tudo e mais alguma coisa, dos duodécimos às taxas moderadoras para o aborto, passando pelos feriados e o preço do leite, sobre tudo Costa tem opinião e sobre tudo Costa quer opinar, o que, em bom rigor, deve ser entendido como um acto de desespero. Perante tamanha torrente opinativa, não admira que a coisa tenha acabado por gerar asneira.