We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Devemos, por decreto, tentar formar médicos à medida? Obviamente que não. Esta discussão é parva. Embora compreensível: a classe dos médicos ficaria a ganhar com uma medida do género; os empregadores e os utentes de serviços de saúde a perder. Se há capacidade instalada para formar 1000 médicos, ainda que o mercado só necessite de 800, existindo 1000 indíviduos que querem ser médicos e estão dispostos a arriscar por um dos lugares disponíveis - além de que terão sempre a opção de emigrar -, é deixá-los tentar.
Revendedores querem descida do IVA no gás para 6%. Se a restauração merece, estes não merecem menos. E estou disposto, desde já, a promover o lóbi pela baixa para a situação pré-troika do IVA na água engarrafada, na coca-cola e nos bilhetes de futebol. Para esta promoção, vou criar o «Movimento pela Reposição do Défice e do Consumo aos Valores de 2009», ano em que crescemos acima da média europeia e o país era feliz. Para dar credibilidade ao movimento, fomentarei igualmente o lóbi pela irrevogável manutenção do dossier da reforma do Estado na gaveta do dr. Portas.
Apresento-vos o homem que, muito provavelmente, será o próximo ministro da economia e irá combater aqueles interesses todos que o Álvaro não combatia. Falo dos rentistas da electricidade, das parcerias público-privadas e outras coisas tais. Ou se calhar não. Mas que importa? Aposto que não terá uma campanha contra si que se aproxime daquela que montaram contra o Álvaro. Combater interesses instalados é garantia de boa imprensa ou será o contrário? Ah, perdão! Isso agora também não interessa nada que o que vem ai é o crescimento assente na procura interna, com subida de salário mínimo pelo meio e sabe-se lá mais o quê. Olha, sabem que mais, com este calor todo vou ali beber uma Super Bock para animar ao mesmo tempo que ajudo a dinamizar o mercado interno. Afinal, recorde-se o aviso muito sério do presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja, um dos muitos lóbis destes país, de que estava-se «a chegar ao limite do que é possível para manter as nossas actividades rentáveis». Não admira, por isso, que os empresários aplaudam esta possível escolha que pode simbolizar mudança de rumo. Com Paes do Amaral, conhecido por fazer bons negócios no mundo da arte, logo à cabeça. Uns artistas estes gajos. Alguns até podiam ser convidados para o Super Bock Super Rock, um daqueles espectáculos imunes à crise de grande utilidade a dar ânimo à malta.
A troika tem dúvidas. Eu não as tenho. É prestar atenção à voz grossa utilizada por todos os lóbis. É ver os ratos que já saíram da toca porque sabem que agora podem recriar uma nova narrativa. É ver os outros ratos que abandonam o barco. É conhecer os partidos por dentro e saber que a principal motivação dos que por lá andam é a manutenção do poder. E as primeiras eleições estão ai ao virar da esquina. É ouvir os comentadores do regime. Os comentadores de sempre. Os políticos de sempre. Os parceiros sociais de sempre. O status quo. O Tribunal Constitucional unido, jamais será vencido. Ler a comunicação social é entrar num mundo de doce ilusão. É ouvir o governo. É prestar atenção ao que o governo faz, mas principalmente ao que não faz. O governo está no ponto. Está onde sempre o quiseram deixar. É preciso flexibilizar o défice. Deixem de escavar. Não queiram cortar salários aos funcionários públicos e baixar pensões. Não queiram despedir. O défice sobe. É a prova do completo falhanço da política governamental. Preso por ter cão e por não o ter. O governo foi triturado e mastigado. Só falta cuspi-lo fora. Mas não há crise. Don't worry, be happy. Até por isso, daqui para a frente a nossa vida tem tudo para melhorar. E pelo sim, pelo não: mais jardins floresçam. É keynesianismo puro e ainda nos garante locais de culto onde ir rezar. Rezem muito. Um milagre precisa-se.
Alguns elementos do Governo meteram-se numa guerra com a banca e outros interesses por causa dos swaps. Obviamente, se tudo correr como normalmente corre neste país, estão destinados a perder essa guerra.
Volta e meia retorna a conversa da evasão fiscal. Infelizmente, não pelos melhores motivos. Sim, é preciso combatê-la. O modo mais eficaz que conheço: baixar os impostos a um nível aceitável para aqueles que os pagam. E isso em Portugal significa cortar na despesa. Aqui está, em poucas linhas, a receita mais eficaz para combater a evasão fiscal. Tudo o mais que se diga é conversa da treta de quem quer acenar com a evasão fiscal para fingir que há alternativas ao corte na despesa. Nada de novo: essa conversa existe desde que se começou a falar pela primeira vez da necessidade de cortar a sério na despesa, ou seja, tem mais de uma década e desde então os sucessivos governos, realmente, têm inventado mil e uma formas de a combater. Já aplicaram tantas ideias, que desse lado a coisa está mais do que espremida, convinha agora seguir o caminho óbvio e eficaz: baixar as taxas dos impostos. Na mesma onda, outra muito boa que quase passa desapercebida está relacionada com a forma como alguns encaram a decisão do Tribunal Constitucional como uma porta para aligeirar a intensidade na redução do défice. Muito bem, mas o contentamento dessa gente vem do facto de com isso pensarem que não é preciso cortar na despesa. Ainda e sempre a mesma história bem portuguesa. Vamos imaginar que, por momentos, a intensidade na redução do défice pode ser atenuada, a que propósito é que isso tem de se fazer sentir na intensidade dos cortes na despesa e não na intensidade do aumento dos impostos? Pois. Enfim, são muitos a depender da despesa, pelo que estes assumem-se como o mais numeroso, intenso e eficaz lobista, actuando no sentido de não permitir a baixa daquilo de que dependem. Na escolha entre impostos e despesa, o Estado deve sempre fazer recair a maior parte dos custos, se não a totalidade, entre quem paga impostos e não nos que vivem da despesa do Estado. Infelizmente, esta estratégia está destinada a ser uma lose-lose situation. Perdem todos. Como já estão perdendo.
Junta-se a vontade do dr. Leal "Taliban" da Costa com as pressões do Dr. Pires "Unicer" de Lima e do lóbi do vinho muito acarinhado pelo CDS e deparamo-nos com uma lei ridícula que expõe uma das muitas fragilidades deste Governo. Os grupos de pressão com acesso facilitado aos ministros deste Governo são quem mais ordena. Que é como quem diz que para o Governo uns são filhos e outros são enteados. O que nos vale é que já nem fazem por esconder isso, é tudo muito transparente e clarinho.