We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Não deixa de ser irónico que dois dos ministros com mandatos mais longos da governação socrática, Luis Amado e Teixeira dos Santos, sejam ambos tidos como personæ non gratæ para os socialistas e acabem na presidência de dois dos bancos do sistema (Banif e Montepio, respectivamente). Cá está um argumento para validar a desconfiança do ex-querido líder com o sistema bancário. Mais a sério, a que se deve a inclusão de Amado e Teixeira dos Santos na lista negra dos socialistas? Deve-se a terem sido de entre os governantes socráticos os que melhor perceberam aquilo a que o contexto interno e externo nos obrigava e terem explicitado o que pensavam na praça pública, contrariando a narrativa socrática. Um deles muito tardiamente, mas, ainda assim, fê-lo. Para quem todos os dias faz de conta que a realidade muda-se com uma varinha mágica, a explicitação com realismo daquilo que são as bases em que nos devemos apoiar é motivo mais do que razoável para expulsão do grupo. É pena. Como a entrevista na SICN demonstrou, o PS tinha alguma coisa a ganhar se desse mais atenção a Amado do que aos «jovens turcos» que tem por lá: «Temos de aprender a governar em coligação».
O problema do PS com a posição de Assis em torno de uma possível coligação com os partidos à sua direita é que esse discurso, se fosse a linha oficial do partido, não daria qualquer hipótese aos socialistas de chegarem à maioria absoluta. Por isso mesmo - e ainda que no futuro o tempo possa vir a dar razão a Assis -, o isolamento deste nessa matéria faz todo o sentido. Menos compreensível é que o partido que não «adopta as más práticas estalinistas» de eliminação da fotografia deste ou daquele líder, tenha deixado claro a Assis, ainda há muito pouco tempo cabeça de lista do partido nas eleições europeias, que a sua voz não era bem-vinda neste congresso. O PS quer tanto dar mostras de unidade que fica mal na fotografia.
O acordo de Rui Moreira com o PS, no Porto, era de longe o melhor acordo possível. E, apesar de ter incomodado muitas pessoas, era certamente aquele que batia mais certo com o que havia sido a campanha eleitoral. Como este do comunista Bernardino Soares com o PSD, em Loures, também o será. A gestão de uma câmara municipal não impõe um perfil tão ideológico ao executivo camarário quanto um governo nacional obriga. E Bernardino não ignorará que pode tirar bom partido de um Fernando Costa que, apesar de dinossauro e passista, consta que terá sido um bom presidente nas Caldas da Rainha. Se avançar mesmo para tal coligação, o recém-eleito presidente de Loures, além de demonstrar coragem, pratica um acto de inteligência.
Este é do tempo em que o CDS mantinha-se à margem das negociações. Depois foi para o Governo e passou a querer ser visto como aquele que queria manter o diálogo aberto com o PS. Claro que, depois deste profundo acordo entre os dois homens de cabelos brancos que permitiu aprovar o orçamento para 2011, tivemos, como esperadas, eleições no ano de execução desse mesmo orçamento que tanto custou a aprovar. O que agora está em questão é coisa semelhante. Porquê que tivemos de voltar a esta palhaçada se o actual Governo até tem apoio de uma maioria absoluta na Assembleia da República? Porque o CDS, no governo como na oposição, contínua a querer descolar-se das medidas duras que têm de ser aprovadas. E, já agora recorde-se, não foi com a ajuda do BE e do PCP que o PS conseguiu aprovar o seu orçamento de 2011, se bem que anda por ai uma malta entretida a pensar que um Governo de coligação entre o PS e o BE é possível. Quando não há responsabilidades envolvidas, à esquerda podem entreter-se com jogos teatrais, o que até fica muito bem ao partido que tem uma actriz ao comando, mas quando as responsabilidades pesam a história é outra. Cavaco Silva tem em mente o "suicídio político" de Seguro, por amor de Deus, ainda que não tenha isso em mente, que provoque isso de vez: avancemos para eleições antecipadas e deixemos o poder entregue ao PS de Seguro, pois tal mais que «implicaria que o Partido Socialista renunciasse ao que tem dito nos últimos anos». Só um tolo é que não o percebe.
Sempre que oiço Paulo Portas a orgulhar-se da democracia-cristã centrista lamento que a parelha no Governo seja PSD-CDS e não PS-CDS. O CDS teve tudo para alcançar a felicidade no tempo de António Guterres. Infelizmente, na altura, só Daniel "Limiano" Campelo compreendeu isso.
Passos Coelho, o hemisfério esquerdo do cérebro governamental, anuncia uma coisa à sexta. Ao domingo já está Paulo Portas, o hemisfério direito do cérebro governamental, a lançar para a imprensa que há no Governo quem ache que uma das medidas apresentadas é para cair. Lamento, mas isto não é forma de governar. Meus senhores: demitam-se. Demitam-nos. Alguma coisa. Isto assim é insuportável e não nos leva a lado algum.
Maria João Marques explica aqui porque não quer, nem faz particular sentido, uma coligação entre PSD e CDS/PP antes das eleições. Acredito que Paulo Portas também não a queira. O que o estratega centrista quer é maximizar o resultado do seu partido nas eleições que imagina estarem para breve e nada melhor do que deixar claro para o eleitorado potencial que não há necessidade de centralizar o voto (útil) no PSD, isto porque o CDS/PP será sempre o parceiro natural do PSD no período pós-eleitoral e não será por ele que o país ficará ingovernável. Estranho foi quando o próprio Passos Coelho deu a entender a necessidade de tal coligação - "um futuro Governo de mudança precisa de mais do que um partido" -, estratégia correctamente criticada por António Nogueira Leite: a ignorância é sempre fonte de perplexidade.