We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
«António Costa está mais virado para fazer acordos com o PSD». Pudera, com o BE a pedir reestruturação da dívida e outras tontices tais. Não é por acaso que a nossa tradição é a de um PS minoritário na governação a precisar sempre da direita para governar. De resto, se há coisa de que António Costa não necessitaria, em caso de vitória eleitoral sem maioria absoluta, era a de acrescentar uma outra ala radical a um possível governo que já terá de contar com alguns jovens turcos. Aliás, se me permitem a brincadeira, ainda que a analogia não seja perfeita: se Tsipras na Grécia livrou-se dos mais radicais do seu partido nestas últimas eleições, a Costa também fazia falta um golpe de asa semelhante. Entre as duas caras do Partido Socialista, uma que tem sido muito representada por Centeno (ou Francisco Assis) e outra pelos jovens turcos (João Galamba, Pedro Nuno Santos, Tiago Barbosa Ribeiro, etc...), o PS já arranjava forma de abandonar o jogo duplo e deixar claro qual o caminho que prefere seguir: o da moderação ou o da radicalização. Eu aposto na moderação, mas com este PS, as coisas nunca são de fiar. E esta indefinição do PS se há coisa que não tem feito é ajudar o partido: porque remete para um problema de confiança (em que PS acreditar?). Confiança que, não por acaso, é a palavra chave em que os socialistas apostam.
Alguém mais distraído podia pensar que o debate de hoje foi essencialmente entre António Costa e Catarina Martins, mas a jovem actriz esteve muito bem no seu papel de confrontar o PS com a sua própria retórica. Antes disso, ainda esclareceu uma confusão de Costa recente, a de que só a direita questiona o PS: de tal forma que às tantas, no debate sobre a segurança social, até fiquei com medo que Costa atirasse à cara de Catarina, por esta questionar as contas do seu programa económico (o «estudo», como Costa gosta de lhe chamar), que esta era a porta-voz de Passos Coelho. O Porfírio - sempre brilhante, como neste forte ataque a Ricardo Costa - deve ter ido logo investigar se a líder do BE também é sobrinha de Dias Loureiro (um dia chegaremos aos amigos e ex-compadres deste activo tóxico, num país onde a elite dorme toda uma com a outra). Mas a parte mais interessante do debate, aquela onde Costa foi verdadeiramente encostado às cordas, foi quando Catarina Martins atirou-lhe à cara que, tal como ele, também tinha ficado contente com a vitória do Syriza, tendo passado os minutos seguintes a debitar a retórica que os socialistas e os apoiantes de Costa usaram vezes e vezes sem conta contra a governação da actual maioria. Costa fazia sorriso pateta; Catarina esfregava as mãos de contente. Costa lá teve de ir, a contragosto, para a linha mais evidente de ataque ao BE, a mesma que Passos e Portas usaram tão bem: a hecatombe da governação syrizica (Costa tentou usar o debate para demarcar-se da direita, mas acabou colando-se na argumentação a ela). O «choque com a realidade», chamou-lhe Costa. Só que como negar que esse «choque» também serve aos socialistas? Do Pedro «até tremem as pernas» Santos; passando pelo João «sei mais e sou mais arrogante do que o Krugman» Galamba; ao Ferro «manifesto pela reestruturação da dívida» Rodrigues? Disse ainda Costa que quem governa não pode estar preso a retórica fútil e irresponsável: muito bem, mas ao quê que se agarrou o PS nos últimos quatro anos se não a isso mesmo? Ainda se agarra, o que é triste. É uma pena que Costa só se lembre de nos lembrar que a realidade é muito mais complexa do que aquilo que algumas frases tontas proferidas abundantemente por alguns esquerdistas nos querem dar a entender quando apanha a líder do BE pela frente.
«Palavra dada tem de ser palavra honrada», diz Costa. Por isso diz igualmente que não há coligações com «esta direita». «Esta», todo um programa. Há outra?
O PS não se vai posicionar à esquerda para ganhar eleições, mas antes ao centro, como habitual. A vitória do Syriza na Grécia e os resultados dai subjacentes serviram para alguma coisa. Ou como Costa anunciou prontamente: «vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha». Uma linha contrária à do Syriza, portanto. Notável como em política é possível sugerir uma coisa e fazer precisamente o seu contrário.
Se à direita não aparecer nenhum candidato presidencial melhor do que Marcelo Rebelo de Sousa, não deixarei de ir votar, mas o meu voto irá para Henrique Neto, ainda que reconhecendo alguns defeitos e limitações a tal candidato. Ainda assim, nada tão mau quanto ter uma víbora na presidência. Marcelo é um entertainer, bom para o comentário político para massas pelo tom coscuvilheiro, mas não merece passar disso. A forma como abordou o comentário ao caso BES deixou-me completamente convencido disso mesmo.
Pondo de lado o estilo, que é muito diferente - o outro era mais feroz, estes são mais bananas -, imaginem por um momento que quem nos governa desde 2011 chama-se José Sócrates e aplicou precisamente as mesmas medidas que foram aplicadas nos últimos três anos. Não custa admitir que, perante isso, de há muito a esta parte teríamos a direita em peso a pedir uma revolução; a queda do Governo; o que fosse necessário para correr com Sócrates do poder. Mesmo que não fosse Sócrates, para mais facilmente ignorar o estilo, pensemos num tipo como Seguro como PM deste país a aplicar precisamente as mesmas medidas que aplicaram Passos e Portas (o que, mais TC, menos TC, seria totalmente plausível). A mesma coisa: a direita, em uníssono, não se cansaria de chamar banana a Seguro e estaria a exigir a sua cabeça a Cavaco Silva. Feito este exercício, confesso que tenho alguma dificuldade em perceber o que levará alguém de direita a ir votar nos partidos deste Governo nas próximas eleições legislativas. Mas isso deve ser problema meu, que tendo a validar a eficácia e eficiência de um Governo mais pelo que efectivamente faz do que pelas intenções manifestadas (não vou ao ponto de achar que, no plano das intenções, não existiriam motivos para a direita preferir o PSD e/ou o CDS ao PS, mas a coisa restringe-se demasiado ao plano das intenções). Entretanto, consta que o governo mais liberal da história de Portugal, depois de proceder ao maior aumento fiscal de que há memória, prepara-se para tornar a subir o IVA. Se o neoliberalismo é isto, quero de volta o socialismo moderado.
A propósito deste texto de Nicolau Santos, com o qual não concordo na essência, diga-se contudo uma coisa: a maior parte das IPSS que conheço são geridas de forma totalmente amadora, com gente que replica para muito pior aquela que é a imagem colada a um certo funcionalismo público, actuando como verdadeiros sorvedouros de recursos públicos (sim, porque são fortemente subsidiadas), distribuindo empregos por gente em número muito maior do que aquele que, existindo gestão profissional que se dedicasse ao aumento da eficiência e da produtividade, seria necessário para cumprir tudo o que fazem actualmente. E, aproveitando a opacidade que envolve a relação do Estado com estas instituições, o sector lá vai sendo protegido pelos suspeitos do costume. Ministro Mota à cabeça. É o estado social que a nossa direita adora. Ao contribuinte, sai-lhe tão ou mais caro do que o outro.
Por isso, por cá, convive-se particularmente mal quando o partido no poder atreve-se a ser um pouco menos social-democrata. Tudo o que passa da social-democracia para o outro lado (direito) é radical. Enfim, radicais são eles. Antes a nossa posição periférica fosse só uma questão geográfica. Entretanto, parece que algumas das nossas faculdades de economia deviam pedir perdão por terem decidido lutar com (e estar entre) as melhores da Europa e ignorar a periferia geográfica e mental que nos caracteriza. Já o Papa, esse, tem demonstrado ser um argentino de gema.
Uma aula da treta: porque o principal problema da CRP ou da interpretação que os juízes dela têm feito é o de que defende sobretudo a minoria de esquerda quando há uma maioria de direita no poder, mas raramente faz o seu contrário. Ou seja, a nossa prática constitucional tem complicado sobretudo a vida aos governos de direita e está-se borrifando para defender a direita quanto esta é minoritária. Como mecanismo de checks and balances é profundamente coxo. Só não percebe isto quem não o quer perceber.