We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
«Se Alemanha gosta de Gaspar, também temos de gostar». Este entra directamente no quadro de honra dos «argumentos estúpidos que não se devem usar» e no «com amigos destes, quem precisa de inimigos». Enfim, se a Alemanha gosta de cerveja, também temos de gostar. Ou, dito de outra forma, beber para esquecer que esta cena está a ficar demasiado deprimente.
Para o ajustamento ser ainda mais bonito, do ponto de vista de Gaspar, o que faltaria era que nenhum desempregado estivesse a receber subsídio de desemprego. O número de desempregados podia ser um bonito fruto de um bonito ajustamento, não fosse irem-lhe afectar os cálculos de excel para o défice através da despesa que geram. Mas lá chegará esse dia, pois ao ritmo a que o desemprego de longa duração sobe, não tardará para que a parte de desempregados a receber subsídio do Estado não passe de uma pequena e insignificante minoria.
«O primeiro-ministro sabe e creio ter compreendido. Esta é a fronteira que não posso deixar passar». Ou o primeiro-ministro é de compreensão muito lenta ou não teria feito o discurso que fez na sexta-feira. Isto não são divergências democráticas saudáveis no seio de partidos de coligação. Isto é um governo esfrangalhado. A crise política só não foi oficializada, mas ela já está bem viva entre nós e só a múmia que temos em Belém é que está com alguma dificuldade em o compreender. Mais, perante este discurso de Portas, nem faz sentido falar num isolamento do Governo face ao país. O que há, objectivamente, é o isolamento de Passos Coelho e Vítor Gaspar face ao resto do país. A manutenção destas duas figuras como números 1 e 2 do Governo é insustentável.
Estava a falar para fora ou para dentro do Governo? Se for para levar a sério as intrigas que andam na comunicação social, o mais certo era estar a falar para dentro. Aliás, a ideia que tenho sobre este Governo é que aquilo é um campo de batalha, onde digladiam-se todo o tipo de pessoas e de interesses.
Gaspar é mau. Gaspar é muito mau. Gaspar é péssimo. Todos contra Gaspar. Na oposição e no Governo. Mas esqueçamos a oposição, concentremo-nos no Governo. Se o Governo é mau, é porque Gaspar é mau. Tanto governante bonzinho e no meio desta gente extraordinária tinha logo de aparecer um governante assim tão ruim. Abaixo a maçã podre. Gaspar quer nos fazer mal. Gaspar é malvado. Gaspar é maldoso. Gaspar é malévolo. Os ministros sociais-democratas do PSD são bonzinhos. Portas e os seus ministros são bonzinhos. Mas Gaspar é a encarnação do mal. Gaspar quer as piores medidas possíveis. Gaspar é perverso e não há nada a fazer. Se as medidas a aplicar são extremamente impopulares, a culpa é de Gaspar que as defende. A maior parte dos restantes governantes não concordam com elas. E as medidas a tomar só não são piores porque os governantes bonzinhos fizeram frente a Gaspar. Abençoados governantes bonzinhos. Gaspar é o bode expiatório. E porque fica Gaspar no Governo? Não sei. Sei sim que Gaspar já se devia ter ido embora e deixado esta gente toda sem rede.
Passos tem de se demitir e o Governo tem de cair. E novas eleições devem ser convocadas. A consequência da decisão do TC ao nível do contexto da governação é de tal ordem que esta está para Passos Coelho como o recurso à troika estaria sempre para José Sócrates. Não faria sentido que não existissem eleições após termos chamado a troika, não faz sentido que não voltemos a ter eleições após o terramoto que o Tribunal Constitucional acaba de provocar. E é mesmo de um terramoto que se trata, com consequências económicas que se farão sentir por muitos e longos anos. Mas, para já, concentremo-nos apenas nas consequências políticas, pelo que repito: Passos tem de se demitir. E se tiver a cara de pau de continuar à frente do Governo, num Governo que não poderá ser mais do que um travesti face ao que tem sido, ao menos que haja lá gente decente que não o queira acompanhar: o ministro Gaspar, por exemplo, como pode continuar depois disto? Não pode. Mas claro que isso leva-nos sempre ao ponto de partida: se Relvas já foi e Gaspar tem de ir, como pode Passos continuar? Não pode. Venham as eleições antecipadas. É esse o meu desejo.
Miguel Relvas e Vítor Gaspar, por motivos diferentes, são dois ministros profundamente descredibilizados junto da opinião pública. E não há comunicação governamental que passe com eficácia cá para fora se não há confiança em quem comunica.