A campanha pela negativa
A campanha tem sido toda ela, em boa parte por responsabilidade das sondagens - que obrigaram sobretudo o PS a adoptar um registo desesperado -, feita pela negativa. Mas metam negativa nisso. O último grande acto propriamente dito onde houve discussão de ideias foi o debate nas rádios entre Passos e Costa que resultou, como se sabe, num enorme problema para o PS. Onde os socialistas achavam que iam ter mais força do que a coligação, no programa eleitoral, descobriram que tinham uma fraqueza gritante. Mais: Costa foi obrigado a começar a cortar nas promessas que fazia diariamente porque ficou claro que o povo não só já não ia em cantigas, como aquilo acabaria por tirar votos. Restou a campanha pela negativa, que a coligação também ensaia frequentemente, mas nunca com a intensidade do PS (que até teve de ir aos submarinos e outras coisas do género). O problema destas campanhas super negativas é a de que ainda que possam ter algum efeito benéfico para quem as lança, ao fim de algum tempo, com a repetição dos mesmos chavões vezes e vezes sem conta e sem mais nada para além disso, a coisa torna-se cansativa (o efeito Sócrates é muito útil à PàF, mas o discurso Sócrates, Sócrates e mais Sócrates, a que Passos recorreu no primeiro debate, não foi). O registo permanente de campanha pela negativa torna-se evidência do absoluto vazio que domina quem a ela recorre e acaba por afastar eleitores não só do partido atacado, mas também do que ataca. Não estranharei, portanto, elevadíssima abstenção no próximo dia 4 de Outubro.