A certeza do dia-a-dia socialista: uma história de enganos
Vai acabar a lixar a malta que ainda não recebe pensão. Mas o discurso de Costa é o discurso certo para o eleitorado que não consegue largar a lógica do pensamento «dia-a-dia». Uma lógica limitada e tonta, ainda que compreensível numa sociedade onde parte da população vive amedrontada e sem grande esperança e perspectiva para o futuro. Mas responde o PS a essa falta de esperança? É o PS factor de confiança? Enfim, o PS quer dar certezas no curto-prazo, aumentando a incerteza e imprevisibilidade do futuro. Todo o discurso do PS está carregado desta carga imediatista, de resolução dos problemas do presente num abrir e fechar de olhos. Tivemos toda a primeira década do século XXI nesta lógica, tem corrido optimamente como se constata. No final da década de noventa do século passado, qual era o futuro risonho que o PS prometia para a primeira década do século XXI, lembram-se? E durante a governação socrática, durante a segunda metade da primeira década do século XXI, qual era o futuro risonho que o PS prometia para a segunda década do século XXI, lembram? E agora, na segunda metade da segunda década do século XXI, qual é o futuro risonho que o PS nos promete para a terceira década do século XXI? Aqui já não é uma questão de lembrança, é mais de confiança. Confiança de que o futuro risonho com que o PS acena nunca se irá concretizar, com todas as consequências que dai advirão para quem agora, no presente, não souber fazer as escolhas acertadas, desbaratando o futuro em nome do curto-prazo. Há aquele provérbio do «engana-me uma vez, a vergonha é tua; engana-me outra vez, a vergonha é minha». Como é que isto fica para quem se deixar enganar uma terceira vez?