A farsa
«Sempre fizemos tudo para impedir a intervenção estrangeira». Os deputados da maioria recorreram ao riso em resposta a esta estapafúrdia e vergonhosa declaração de um ex-ministro socrático, mas a mim este tipo de discurso apenas causa náusea. Este novo PS retorna ao delírio e não consegue fazer mea culpa em relação aos erros que inegavelmente cometeu quando esteve no poder, coisa que parecia-me indispensável para poder voltar a ele: com este discurso, o regresso ao poder dos socialistas será coisa indigna de um país sério (ainda que reconheça a limitação com que o eleitorado está confrontado: já é tempo de correr com estes que nos governaram no pós-socratismo, mas opções não abundam). Entretanto, algo relacionado, sobre esta coisa da «intervenção estrangeira», convém recordar os discursos do «Portugal é a Grécia com um ano de atraso» ou do «antes fossemos a Grécia»: pois bem, a Grécia «está longe» de poder financiar-se só nos mercados. Ou seja, terá de continuar a sujeitar-se a uma ingerência externa de que nós já nos livramos.