Acabar com o teatro, seguir para bingo
Depois da primeira reunião, PSD e CDS deviam logo ter tomado a posição de hoje. Forçar a barra e abdicar do teatro. Mas quiseram mostrar que tinham vontade de negociar com quem está, manifestamente, a tentar jogar um outro jogo. E era ver hoje malta a dizer que PSD/CDS estavam dispostos a tudo para ficar no poder. Não estão, nem têm de estar. De resto, bem no ar sério e grave. Atirar muitas vezes para o ar com as palavras «responsabilidade» e «governabilidade». Lembrar quem ganhou as eleições e qual o programa que reuniu maior apoio eleitoral (um programa que tem, inegavelmente, mais pontos em comum com o do PS do que os programas do PCP e do BE). Se Costa tentar seguir um caminho irresponsável, essas palavras ser-lhe-ão relembradas no futuro. E, agora, é seguir para bingo. Marçal Grilo não entende estratégia do líder do PS? Chama-se tentar safar a própria pele, agarradinho ao poder, depois de perder as eleições de forma humilhante. Nem que para isso fique dependente de quem mais não diz do que isto: «O PS tem condições para formar Governo, apresentar programa e entrar em funções. Quanto aos desenvolvimentos futuros, eles resultarão da identificação da política que for possível fazer. Como sempre, quer esse Governo, quer os trabalhadores e o povo, em particular, poderão contar com a nossa activa participação para assegurar todas as medidas que correspondam aos direitos, interesses, rendimentos, salários dos trabalhadores, reformados. Tudo o que não corresponda, contarão com a oposição do PCP». Para bom entendedor, meia palavra basta.