Anti-Dilma
Foi a primeira campanha política que acompanhei com alguma atenção que, à luz do que estou habituado, foi do domínio do execrável. Com uma brutalidade e agressividade que não me passa pela cabeça que possa ter lugar num país desenvolvido (coisa que o Brasil ainda não é). Entre a candidata socialista do poder e o candidato social-democrata da oposição (uma luta esquerda vs centro-esquerda que na comparação quase torna Portugal um país maioritariamente "neoliberal"), a vitória deste último tenho para mim que seria melhor para o Brasil, mas não tanto no sentido do que Aécio pudesse fazer, mas mais no sentido da vitória anti-Dilma, da quebra de um poder que já dura há doze anos (sendo que nos últimos quatro com Dilma a comandar, ao contrário do que sucedeu com Lula, o crescimento económico travou). Alternância que seria tão mais bem-vinda quanto menos possível é negar a magnitude da corrupção que grassa neste Brasil petista. Dito isto, apesar de tudo, não conto que o Brasil nos próximos anos siga o caminho da macroeconomia populista de uma Venezuela ou de uma Argentina. Ainda assim, se a economia continuar a arrefecer e depois do que vi nestas eleições por parte da máquina do PT, pode existir a tentação de inventar para segurar o poder a todo o custo. Se tal acontecer, ao preferirem o status quo à mudança nestas eleições, ainda que por escassa margem, os brasileiros só se poderão queixar de si próprios. Como, aliás, em democracia sempre acontece.