Brincadeiras cautelares
A propósito da notícia do dia, o que interessa não é a avaliação que o PS faz do interesse público, que segundo o chico-espero Paulo Figueiredo é diferente da do Governo, mas antes se agora o PS também passou a fazer politiquice à pala de providências cautelares. Já basta o quanto o Tribunal Constitucional deu para se meter em questões eminentemente políticas em que não se devia ter metido. E basta ter alguma memória para recordar quantas vezes os governos socialistas recorreram ao mesmo expediente para contornar providências cautelares. Só para dar um exemplo, o ministro Correia de Campos a propósito do fecho de maternidades, se não fosse esta possibilidade da evocação do interesse público em resolução fundamentada ia estar bem tramado. O país já tem obstáculos à mudança suficientes, só faltava que quando um Governo quisesse fazer alguma reforma a sério o processo pudesse ser adiado sabe-se lá por quanto tempo à pala da malta que gosta de brincar às providências cautelares. Felizmente, pelo menos neste campo, o legislador deu a si próprio espaço para deixar os brincalhões a brincar sozinhos e sem possibilidade de causarem danos sérios com a brincadeira.