Falta a única "sondagem" que verdadeiramente conta
Nunca tinha experienciado uma campanha tão negativa e agressiva. Também nunca tinha experienciado uma tão divertida. Estas dois sentimentos ambivalentes brotam do mesmo fenómeno: a convicção que se formou numa parte significativa do eleitorado socialista de que a vitória, por larga margem, era um dado adquirido, para depois rebentarem emocionalmente quando começaram a ficar não só com dúvidas sobre aquilo em que antes acreditaram tão convictamente, mas com profundo receio de que uma derrota estava logo ali ao virar da esquina. Perante isso, dia 4 de Outubro conto, sobretudo, divertir-me. Adoro noites eleitorais, sobretudo as que correm mal a quem defende o que não defendo. Mas não tenho ilusões, se as sondagens estiverem a medir bem o pulso ao eleitorado, entraremos no dia 5 de Outubro com o país praticamente ingovernável e, portanto, sem nenhum lado propriamente vitorioso; mas admito igualmente, até porque o contexto é especial, que as sondagens acabem mesmo por não estar a ler o sentimento do eleitorado correctamente e, pela primeira vez de que me lembre, o resultado final seja bastante diferente. Nesse sentido, parto para o anacrónico «dia de reflexão» a acreditar que tanto o PS pode vencer, como que a coligação pode chegar à maioria absoluta.