Imaginem
Pondo de lado o estilo, que é muito diferente - o outro era mais feroz, estes são mais bananas -, imaginem por um momento que quem nos governa desde 2011 chama-se José Sócrates e aplicou precisamente as mesmas medidas que foram aplicadas nos últimos três anos. Não custa admitir que, perante isso, de há muito a esta parte teríamos a direita em peso a pedir uma revolução; a queda do Governo; o que fosse necessário para correr com Sócrates do poder. Mesmo que não fosse Sócrates, para mais facilmente ignorar o estilo, pensemos num tipo como Seguro como PM deste país a aplicar precisamente as mesmas medidas que aplicaram Passos e Portas (o que, mais TC, menos TC, seria totalmente plausível). A mesma coisa: a direita, em uníssono, não se cansaria de chamar banana a Seguro e estaria a exigir a sua cabeça a Cavaco Silva. Feito este exercício, confesso que tenho alguma dificuldade em perceber o que levará alguém de direita a ir votar nos partidos deste Governo nas próximas eleições legislativas. Mas isso deve ser problema meu, que tendo a validar a eficácia e eficiência de um Governo mais pelo que efectivamente faz do que pelas intenções manifestadas (não vou ao ponto de achar que, no plano das intenções, não existiriam motivos para a direita preferir o PSD e/ou o CDS ao PS, mas a coisa restringe-se demasiado ao plano das intenções). Entretanto, consta que o governo mais liberal da história de Portugal, depois de proceder ao maior aumento fiscal de que há memória, prepara-se para tornar a subir o IVA. Se o neoliberalismo é isto, quero de volta o socialismo moderado.