Indigência argumentativa
Ontem, a propósito da saída de Sócrates da cadeia para prisão domiciliária, um dos argumentos com maior popularidade da noite, propagado por pessoas que tenho por inteligentes, era o da referência ao timing da justiça e de Carlos Alexandre, estranhando a alteração da medida de coacção do homem precisamente a um mês das eleições, ou seja, a tempo de contaminar a campanha eleitoral. Este argumento, repito, muito propagado, era dito em forma de crítica à justiça. Esquecem-se do pormenor, certamente insignificante, de que Sócrates só não está em casa há mais tempo porque não quis. E isto, podem dar as voltas que quiserem, é um facto inegável. De igual forma, convém não ignorar que se Sócrates passa da cadeia para casa não é por inexistência de indícios contra o ex-PM, mas porque, como vem dito no comunicado da PGR, «se mostra reforçada a consolidação dos indícios». Não é difícil perceber isto à luz do que justifica a prisão preventiva.