Manobras dilatórias
António Costa não queria discutir questões estatutárias, mas passa a vida a levar o debate dentro do PS para as questões estatutárias. Seguro agora entala-o com a exigência de debates públicos. António Costa quer fugir deles, mais sabe ele que no campo das ideias pouco é o que o distingue do actual líder. Não se podendo defender abertamente a reestruturação da dívida, nem prometer deitar abaixo o Tratado Orçamental, o que sobra a Costa para se distinguir na sua base programática de Seguro? Ninharias. Mais: para adiar os debates, Costa pede que se acabe com a campanha negativa contra a sua pessoa - não pretendem discutir pessoas, clamam os apoiantes de Costa -, mas, aparentemente, a campanha elogiosa da pessoa de António Costa é para manter, até porque a única coisa que verdadeiramente distingue Costa de Seguro é precisamente a sua pessoa e as pessoas que o acompanham. Querer que se evidenciem as virtudes de um em relação ao outro, ao mesmo tempo que se pretende calar os que apontam os defeitos - quando Seguro, outra coisa onde está cheio de razão, foi mais do que atacado pessoalmente pelo grupo que apoia Costa -, é um truque antigo em política que não me aquece, nem arrefece. No caso concreto, não passa de uma manobra dilatória, pelo que Seguro deixa de ter o exclusivo na matéria. No fim, o que sobra disto tudo é que se Seguro é banana, Costa não é santo.