O novo poder, num novo bloco
Em breve, teremos um novo poder em Portugal. Acho que esse novo poder resulta do PS estar a escolher o caminho errado, mas é o caminho deles, problema deles. A direita era o poder, irá ficar sem ele. Aceite isso de vez, deixe de ser piegas. A circunstância em que se dá a troca de poder não é a melhor, mas era certo que a direita não ficaria lá eternamente. Mais do que chorar sobre o leite derramado, é aproveitar a circunstância em que perde o poder para tentar regressar a ele mais cedo e com mais força. O quadro político-partidário tradicional, sem que os partidos tradicionais em Portugal tenham sofrido muitas perdas, ficou esfrangalhado: de três blocos distintos na AR, passaremos a ter apenas dois. Um bloco de esquerda e outro de direita. A direita, daqui para a frente, deve deixar o PS, com Costa ou após Costa, entregue aos seus novos companheiros de caminho. Espero que aprendam essa lição e não mais sonhem em recuperar o que já lá vai. O novo poder, até por ser construção recente, parece-me ser evidentemente frágil e mau, logo, mais fácil de se lhe fazer oposição. É aproveitar e atacar em força. Até porque não existirá governo de esquerda em estado de graça. E, é possível, existirá desgraça. Essa será a parte muito grave em que o caminho escolhido deixará de ser apenas problema do PS para ser problema de todos nós. Depois das contas públicas descontroladas de Guterres e da bancarrota socrática, se o PS de Costa voltar a entregar o país esfrangalhado a um outro governo, como arrisca fazer, será ainda mais difícil encontrar palavras para descrever este pais e a irresponsabilidade que se apoderou de uma parte do espectro político. Mas, pensando bem, como estranhar, se os rostos são, afinal de contas, praticamente os mesmos? Aos quais se somam uns jovens turcos que em nada melhoraram a pintura. Triste geração esta a que tomou conta do PS. Triste geração esta que está na calha para substituir a antiga. Tristes de nós que teremos de levar com eles (outra vez).