O que têm António Costa e o Benfica em comum?
Perguntava o Expresso aqui há uns dias. Eu respondo: problemas de comunicação e de liderança. No dia em que no PS acontecia a primeira chicotada psicológica da época, com o abandono de funções do seu director de campanha, no Estádio do Algarve, Jorge Jesus, demonstrando que os "mind games" que antecederam o jogo funcionaram na perfeição, ganhava ao Benfica e resumia o essencial sobre o jogo com a declaração «o Benfica teve medo do Sporting», logo confirmada pelo próprio treinador do Benfica. Se não quer seguir o caminho do Ascenso, alguém avise Rui Vitória, agora simplesmente Rui, que se os jogadores do Benfica tremeram a responsabilidade só pode estar numa pessoa: no homem que os lidera, a quem faltou a arte e o engenho para virar o discurso de Jesus, por via de uma maior motivação dos jogadores encarnados (visivelmente afectados pelas palavras de Jesus, como se viu no final do jogo pela reacção de Jonas), contra o próprio Sporting. Depois do forte ataque verbal que Jesus lhe fez, Vitória esteve fraco na resposta, a que se soma a posterior exibição medíocre em campo e as declarações no final do jogo, que arriscam tornar o técnico do Benfica, com ou sem justiça, num «banana» aos olhos dos seus jogadores, por contraponto ao homem com a personalidade forte que é a do colega do outro lado da segunda circular. Dirão os defensores de Rui Vitória que este não é arrogante enquanto o actual técnico do Sporting o é, não sendo a arrogância uma virtude. Talvez, mas como demonstra igualmente Mourinho - na época passada, até o demonstrou ao próprio Jesus -, no futebol, não é arrogante quem quer, é quem pode. Jesus, pode. Vitória, não podia, mesmo que quisesse.