Os plantéis (Benfica)
O Benfica parecia que ia atravessar uma época difícil, fruto de problemas financeiros derivados do caso BES, mas eis que pelos lados de Carnide alguém deve ter encontrado petróleo. Tanto assim é que entre algumas aquisições dispendiosas, o clube da Luz ainda "investiu" na recompra da maior parte dos passes que estavam no Benfica Star Funds por "meros" 30 milhões de euros. A alteração foi tão brusca que o mesmo Carlos Daniel que dizia das vendas do Benfica serem o exemplo de como se destruía uma excelente equipa num abrir e fechar de olhos, passou a observar que este Benfica é mais forte do que o do ano passado. Será mesmo? Não tenho tanta certeza. Mas continua forte, não há dúvidas quanto a isso. A maior sangria esteve no sector defensivo, onde as perdas de Oblak, Garay e Siqueira não terão sido colmatadas com jogadores de igual valor: nem desportivo, nem de potencial de valorização para venda futura. Eliseu, apesar de tudo, cumpre - e ainda há Silvio, que manteve-se por empréstimo e pode vir a ser peça importante -; Júlio César, em fim de carreira, é esperar para ver - Artur, entretanto, já custou pontos -; e Jardel é um defesa certinho, suficientemente bom para o campeonato português, mas muitos furos abaixo de Garay. No meio campo, a perda de André Gomes não parece preocupante, tanto mais quando o Benfica investiu forte com a compra do internacional grego Samaris e do italiano ainda jovem, mas talentoso, Cristante. Mas o principal para as aspirações do Benfica é a a continuidade, pelo menos até Janeiro, do trio argentino constituído por Enzo Perez, Salvio e Gaitan. Com estes três - e ainda que Markovic tenha saído -, a dinâmica ofensiva do Benfica continuará certamente a dar cartas. Por falar no sérvio que foi vendido ao Liverpool, também há este ano o miudo Talisca, que começa a dar ares de poder vir a ser um jogador com futuro, e sobre o qual José Mourinho, ao afirmar que só não está já em Inglaterra por faltar-lhe um «work permit» (licença de trabalho), deixou no ar a impressão de que seguirá os passos de Ramires e do próprio Markovic, sendo que o clube lampião só está a servir de interposto para o jogador antes deste chegar ao seu destino final (esta estratégia do Benfica de servir de interposto a jogadores que, por falta de «work permit», não podem ir imediatamente para Inglaterra, na verdade e como se pode constatar pelos dois nomes que já mencionei, não tem corrido propriamente mal). Talisca que tem andado a fazer o lugar de Rodrigo, jogador que deixou saudades nos adeptos encarnados. Mas se Talisca terá potencial, não é menos verdade que ainda está muito verdinho. Talvez por isso - a que se soma a saída de Cardozo -, sentiu necessidade o Benfica de ir buscar o experiente e «com historial de golo» Jonas. Some-se a isto o defesa regressado de empréstimo e internacional argentino, Lisandro Lopez; o segundo melhor marcador do campeonato do ano passado, Derley; o português, que alguns diziam que devia ter sido convocado por Paulo Bento para o Mundial, Bebé, agora Tiago; jogadores que nem calçam no Benfica, mas seriam titulares na maior parte dos clubes portugueses, e percebe-se que, sim, o Benfica continua a ter um plantel fortíssimo para a liga portuguesa. Jorge Jesus, ao contrário de Marco Silva, não se pode queixar da falta de ovos.