Renamed economists
Eles são 74. Eles são economistas. Eles são estrangeiros. «Apoio de peso». «Economistas de referência». Basta um meio de comunicação assim o afirmar para eles o serem (bem, estamos no país cuja comunicação social dá particular destaque ao pensamento económico - repito: pensamento económico - de um qualquer Mark Blyth, de uma qualquer Raquel Varela ou de um qualquer Baptista da Silva, por isso nada disto é novo, perceba-se). Se alguém atrever-se a contestar a falácia deste argumento de autoridade incorre na falácia do ataque ad hominem, argumentam. Mas não me importo e atiro-me, precisamente, às características do conjunto de pessoas estrangeiras que subscreveram o manifesto, ou não fosse por esse facto que antecede todos os outros - são 74, são economistas e são estrangeiros - que se decide dar destaque ao texto como um relevante acontecimento político (político aqui é a palavra chave): depois de vistos os nomes dos 74 subscritores, apanhamos com um conjunto maioritário de relativos desconhecidos e gente cujo pensamento é absolutamente marginal face ao consenso económico mundial e pouco tido em conta lá fora. Talvez seja objectivo de alguns que Portugal seja pioneiro na criação de uma nova ordem económica mundial, mas, ignorando essa excentricidade, o segundo manifesto não passou de um golpe publicitário, vergonhosamente adoptado e suportado, entre outros, pelo jornal Público. Relacionado com isto, diga-se que, ontem, apanhava-se numa rede social um dos subscritores do manifesto original, Pedro Lains, denotando algum incómodo, a demarcar-se do segundo manifesto, afirmando ser coisa da «secção da esquerda». Como não podia deixar de ser, na secção da esquerda, incluia-se o doutor Louçã que fez esta maravilhosa carta escrita em inglês técnico. Já sei, estou a concentrar-me no acessório e não na substância? Sim, mas onde não há substância, só sobra o acessório: se permitir a paródia, tanto melhor.