Resolver de vez o caso grego
Uma das vantagens da posição do Syriza é que talvez force a resolução do problema grego de vez. Seria inadmissível voltar a fazer um novo bailout à Grécia para daqui a três/quatro anos o país continuar mergulhado num poço de dívidas e dúvidas, sem acesso aos mercados (entenda-se: sem um grau alargado de independência). Dito isto, tenho para mim que é óbvio que, para a manutenção do país no Euro, uma grande reestruturação da dívida grega seria necessária (como sempre disse, Varoufakis tem razão nesta matéria). Mas essa grande reestruturação teria de estar associada a uma reforma significativa do Estado grego que também passasse por aumento da receita fiscal (mexendo no IVA, por exemplo, sendo que os syrizas preferem falar em combate à evasão fiscal) e reestruturação da dívida interna grega (isso mesmo: pensões). No fundo, a abordagem que aqui é feita por Olivier Blanchard do FMI é a correcta. Se os gregos quiserem a reestruturação significativa da dívida detida por credores externo, mas não estiverem dispostos a dar nada em troca, então, não há como não indicar-lhes a porta de saída. O tempo de empurrar o problema com a barriga acabou. E foi pena não ter acabado mais cedo: em boa parte, de cada vez que se empurrou com a barriga só se dificultou mais a resolução a bem do caso grego. E nisso, sim, a política da zona Euro falhou redondamente.