Sócrates em liberdade
A 16 de Abril de 2014, Duarte Lima era colocado em liberdade para no dia 28 de Novembro do mesmo ano ser condenado a dez anos de prisão por burla no BPN. Mesmo que não percebam, ou finjam não perceber, o quadro de funcionamento regular do nosso sistema judicial, precisam de mais algum desenho? Enfim, tirando o circo onde se faz por ignorar que a justiça está a funcionar dentro da absoluta normalidade - e que a libertação de Sócrates, nesta fase, atendendo ao que o fez ir parar à prisão (num quadro preventivo que prevenia algo que agora já não é preciso prevenir), era algo previsível (até porque há prazos para manter uma pessoa presa preventivamente sem a acusação estar formulada) -, há uma coisa que noto desde a primeira hora: a investigação que não tinha caso, nem provas, ainda que no comunicado da PGR esteja novamente lá presente a informação de que o «Ministério Público considera que se mostram consolidados os indícios recolhidos nos autos, bem como a integração jurídica dos factos imputados», é aquela que a defesa de Sócrates, com expedientes legítimos, mas reveladores, tenta derrubar com a evocação de nulidades processuais. Ora eram as escutas que tinham de ser nulas, ora são todos os actos processuais depois de Abril que são nulos, etc. Para o homem que não se submeteu à pulseira electrónica porque não é pombo para usar anilha; esta forma de tentar escapar à justiça parece-me pequenina, diminuta para o homem grande que é José Sócrates, o grande líder. Ó camarada José, quem não deve, não teme, se a investigação não tem provas, não tem nada, para quê esta constante necessidade de alegar a nulidade do trabalho feito pela mesma?