We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
O ódio que alguns aproveitam para destilar nesta ocasião, só os qualifica a eles próprios. Borges foi um economista mainstream que atingiu lugares de topo como nenhum outro economista português atingiu. Isso não significa que as pessoas tenham de gostar dele ou, sobretudo, concordar com o que defendeu para o país, mas há uma diferença substancial entre a crítica às políticas que representou e algumas críticas à pessoa de Borges - de manifesto mau gosto - que leio por ai. Não que me surpreenda, nos últimos anos, provavelmente já por influência da doença que o atormentava, Borges veio trabalhar praticamente de borla como consultor para o Estado português e, sempre que lhe era perguntada opinião, era frontal, directo e incisivo no que dizia sobre o país. Vilipendiaram-no e até mandaram recados de que o melhor era estar calado. Descansem, finalmente, calou-se de vez. Mas a economia mainstream vai continuar a ser a economia mainstream.
O homem pode ter muitos defeitos, mas há uma coisa que aprecio verdadeiramente em António Borges: não lambe, porque não precisa, o cu à elitezinha portuguesa, inclusive a elite empresarial que sempre viveu agarrada às saias dos nossos governantes (e que detesta aqueles que não lhes dão abrigo debaixo da saia). Tiro-lhe o chapéu! Fazia falta ao país mais gente assim, mas os que há contam-se pelos dedos da mão. E, não por acaso, um dos poucos que conseguiu ganhar essa mesma independência em relação à elitezinha portuguesa - a que, acredito eu, não é alheio o facto do seu sucesso depender cada vez menos do que acontece por cá -, não se importou de contratar Borges. Falo, é claro, de Alexandre Soares dos Santos.
É verdade, e os jornais dos últimos dias fazem por lembrá-lo, António Borges foi vice-presidente do Goldman Sachs e director do departamento europeu do FMI. Só estes dois cargos são mais do que suficientes para fazer inveja à mediocridade reinante em Portugal. Mais do que percebo porquê que ele nunca terá aceite ser ministro.