We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
We mustn’t complain too much of being comedians—it’s an honourable profession.
If only we could be good ones the world might gain at least a sense of style. We have failed—that’s all.
We are bad comedians, we aren’t bad men.
Com acordo escrito entre PS, BE e PCP que desse garantias de estabilidade governativa para toda a legislatura, na minha modesta opinião, Costa devia ser imediatamente indigitado. Sem acordo escrito, tem de ser sujeito à necessidade de derrubar o governo formado por quem teve mais votos e conquistou mais deputados nas eleições. O importante é responsabilizar formalmente e inequivocamente Costa e o PS por qualquer solução que, dos resultados eleitorais, ponha o partido menos votado a governar. A partir dai, PSD e CDS só têm de aceitar tal resultado e assumirem o seu papel de partidos na oposição. Até porque seria inadmissível um governo de gestão. O Cavaco que para tudo avisou, só não imaginou que do resultado das legislativas poderia formar-se uma aliança contra a qual daria imenso jeito ter um Presidente com capacidade para ameaçar com a convocação de eleições antecipadas. Para o PS, com essa ameaça em cima da mesa, teria sido ainda mais difícil avançar para esta aliança improvável e de enorme risco com a extrema-esquerda.
Sem levar um acordo fechado a Belém, Costa empurra a decisão sobre a queda ou não do Governo para mais tarde. Mas se levasse um acordo sólido e credível de governo de coligação PS+BE+PCP poderia entalar logo Cavaco Silva e daria uma outra validade à conversa do «a esquerda ganhou e a direita perdeu». Assim, fica mais uma vez em evidência que a direita ganhou e a esquerda e a extrema-esquerda andam a ver se dão a volta a esse resultado eleitoral.
Como conciliar ideia de buraco nas contas públicas com isto: Cedências da PàF ao PS custam €1309 milhões em quatro anos. Adiante: uma possível explicação para a conversa da «surpresa desagradável», sendo certo que há nuvens no horizonte (novos desafios à governação são o pão nosso de cada dia e agora qualquer novo desafio pode ser visto como facto que confirma o presságio costista): sem governo de esquerda consolidado - a capa da acção socialista do Público já fala num impasse nas negociações à esquerda -, o PS não pode impedir o governo PSD/CDS de entrar em funções, mas começa já a ensaiar o discurso para justificar o derrube desse governo e a convocação de eleições antecipadas (e, para isso, tudo servirá, toda a situação negativa que aconteça verá a sua gravidade empolada pelo partido socialista, um pouco como aconteceu com toda a informação negativa que surgiu durante a campanha eleitoral). Dito isto, na capa do DN, depois das declarações absurdas de Costa que deram força a especulação variada, Mário Centeno, em manifesto controlo de danos, aparece a dizer que «o mais importante das reuniões com a PàF é o que não foi dito». Se não se tratasse de coisa séria, isto até tinha graça. Muitas vezes, chego a dar por mim a torcer para que esta coisa do governo de esquerda ande para a frente. Como não lhe adivinho longa vida, no médio/longo-prazo seria a solução que melhor serviria o país (e a direita política).
Mas calma que Lains tem outra solução: que Passos se demita. Esta gente nem inventada. E depois, se for preciso, ainda vêm dizer que a dupla PSD/CDS é que não percebeu os resultados eleitorais. Igualmente brilhante é o argumento de que o PSD radicalizou quando é o PS que anda a negociar com a extrema-esquerda. É preciso encontrar forma de justificar o injustificável (nota: o PS na campanha usava uma pergunta para atacar a PàF que era aquela do «pode alguém ser quem não é?», curiosamente, a mesma pergunta é perfeita para ser feita aos novos "companheiros" do PS: o BE e o PCP).
Costa falou ao eleitorado através de uma capa do Expresso, mas nunca confirmou o que vinha na capa do Expresso quando confrontado com o teor da mesma. Costa finge que o eleitorado mais do que devia saber que acordo PS, BE e CDS era possível. Costa finge que evolução do CDS de partido eurocéptico para europeísta convicto ocorreu da noite para o dia e no momento imediatamente a seguir a umas eleições. Costa agora trata Manuela Ferreira Leite como «a direita» que o insulta. Costa agora tem muito respeito pelo BE e os seus eleitores, antes era o partido «parasita que vivia da desgraça alheia». Costa acha que um orçamento apoiado pelo BE e o PCP gera confiança e atrai investidores. Costa sabe coisas de enorme gravidade económica sobre o país, mas não diz quais são. Costa está perdido no seu próprio labirinto. Para onde quer que olhe não vê saída. De um lado, mantém o poder mais tempo, mas embarca na irresponsabilidade (a solução preferida da trupe de jovens turco que o acompanham); do outro, é responsável, mas perde o poder. Mas, logo a abrir a entrevista, ensaiou o discurso do fim do sonho: só vai para o governo se tiver garantia de maioria estável com apoio para uma legislatura de 4 anos. Mais sabe ele que não o terá. Ana Catarina Mendes, aliás, antecipando isso mesmo e os problemas que tal coisa colocaria, estava agora mesmo a ensaiar no Expresso da Meia Noite o discurso de que uma ruptura até seria normal porque até nesta legislatura houve a ameaça de uma. Esqueceu-se da parte em que nesta legislatura estava no poder quem venceu as eleições. O PS pode dar as voltas que quiser, não consegue apagar é este facto: perdeu as eleições. E perdeu-as com larga margem de distância para quem as ganhou.
A teoria em que Cavaco preferiria optar por um «governo de gestão», após aprovada moção de censura a governo PSD/CDS, a indigitar António Costa primeiro-ministro, espero, não é para levar a sério.
Estejamos contentes ou não com a situação política para onde o país se encaminha, agora parece possível afirmar com elevado grau de certeza de que vivemos um tempo histórico. Vem ai uma «experiência» nova, como lhe chamou Almeida Santos, e o país será o laboratório. Acho que à direita, Cavaco Silva incluído, não há muito que inventar. É atirar para cima de Costa, Catarina e Jerónimo toda a responsabilidade possível e deixá-los entretidos na construção e viabilização do seu «governo de esquerda». No final, veremos quanto do estrutural e bom que os últimos quatro anos nos trouxeram se manterá de pé. E, perante isso e os resultados obtidos, todos os que nos conduziram à «experiência» e a levarão a cabo serão julgados em novo momento eleitoral, como sempre acaba acontecendo em democracia. Resta-nos, a todos, ficarmos felizes com isso.
Como previsível, na primeira sondagem que vejo sobre o tema, é inegável a vontade maioritária por uma solução que permita à força vencedora das eleições continuar no governo. Mas há mais: «Por fim, a Aximage quis saber qual a opinião dos eleitores em relação àquilo que deve fazer António Costa e o PS no caso de Cavaco Silva nomear Passos Coelho primeiro-ministro de um Governo minoritário PSD/CDS. Sabendo-se que o BE e a CDU apresentarão moções de rejeição se verificado tal cenário, 63,7% dos inquiridos defendem que os socialistas deveriam abster-se, viabilizando assim o Executivo, enquanto 29,8% acham que o PS deveria votar contra, o que resultaria na queda do Governo». O cerco vai-se apertando, companheiro Costa.